
A análise faz parte do projeto e parceria Kapoow! & Game Lab ESPM
Problema: Himno é um jogo e pode ser interpretado/avaliado como tal?
Antes de começar a falar sobre Himno é importante entendermos um pouco de sua origem. O jogo, é desenvolvido por David Maralejo Sánchez em seu tempo livre como uma forma de relaxamento do desenvolvedor.
A proposta do desenvolvimento é aplicada no gameplay, o grande objetivo está em o jogador relaxar, com uma proposta sem grandes desafios. Himno não possui ameaças, tempo nem uma possível vitória. A proposta de certo modo se aproxima de um “Walking Simulator”, que o jogador passa a gameplay explorando o mapa e conhecendo suas possiblidades, mas nesse caso em um formato de plataforma procedural.
O jogo possui um sistema de geração de mapas aleatórios que traz uma nova e ilimitada experiência a cada vez que o jogo se inicia. Himno possui uma “não-história” no qual não existe nenhuma narrativa declarada sobre o universo ou o personagem que o compõe. Com uma proposta minimalista o único modo do jogador ser recompensado por seu desempenho é o avanço de níveis que ocorre de acordo com a coleta de pontos iluminados no mapa, e caso o jogador morra a métrica é zerada, mas ao mesmo tempo essa evolução não traz nenhum valor maior ao jogo se tornando totalmente dispensável e não trazendo frustação ou felicidade de acordo com o desempenho.
Um ponto que para muitos pode ser entendido como negativo, mas é que o traz sentido a proposta do jogo, é não existir uma conclusão ou possibilidade de vitória. Essa ausência faz com que a proposta de relaxamento seja mais forte, pois tira parte da tensão do game. Existe apenas um ponto que poderia ser visto como um desfecho do jogo, quando o jogador alcança o distrito 11 o mapa gerado possui alguns elementos que só aparecem nessa tela, como algumas armaduras esculpidas em pedra. No entanto, isso não caracteriza o fim do game, pois é possível navegar infinitamente pelas telas geradas de forma aleatória.
O maior desafio em avaliar esse jogo diz respeito a entender que ele talvez não seja necessariamente um jogo principalmente por não possuir uma possibilidade de vitória. É preciso abstrair um pouco e olhar para Himno além de um game, particularmente acredito que se deve avaliar algo de acordo com sua proposta. O jogo cumpre a sua promessa de um momento de relaxamento com sua bela trilha sonora, uma linda ambientação no cenário 2D e uma mecânica simples e agradável. Talvez o grande pecado esteja em sua “repetibilidade”, com menos de uma hora de gameplay é possível já conhecer todas as possibilidades que o jogo pode oferecer, tanto em elementos quanto em cenário, fazendo com que o jogador possa se cansar rapidamente do game.
Particularmente entendo que os erros possam ser relevados, por ser um jogo gratuito, que roda em qualquer computador e que pode ser baixado rapidamente. Provavelmente não é a proposta do criador algo revolucionário ou que leve a maioria das pessoas a gastar mais de cinco horas em seu gameplay. Acredito que o Himno saia muito dentro do que se propõe e creio que 8 seja uma nota justa.
Himno
Desenvolvedora: David Moralejo Sanchez
Paltaformas: PC
Nota: 8/10
Sobre o Autor: Matheus Lacerda é estudante de Publicidade e Propaganda na ESPM, apaixonado por tecnologia e podcasts gasta seu tempo livre com jogos e cultura maker.