
Ace Combat 7 não é perfeito, mas volta a rasgar os céus.
A franquia Ace Combat é o ás no gênero de games de arcade de avião. Entretanto, nos últimos anos a série esteve voando baixo, com um spin-off que fugiu das raízes e sem aquele brilho nos auges PSX e PS2. Oito anos depois do último título não-canônico e doze anos após o último game da franquia principal, Ace Combat 7: Skies Unknown vem com a promessa de levantar a série novamente.
O novo game da Bandai Namco traz um pacotão bem completo, principalmente no PlayStation 4: aqui, encontramos 20 missões recheadas de ação, um modo multiplayer e três missões exclusivas do PSVR.
Gameplay excelente:
Ace Combat já voou por céus gloriosos em seu passado. Eu esperava que Ace Combat 7 fosse me surpreender positivamente e veja só: ele até que
conseguiu comparando aos games anteriores. Ele possui uma jogabilidade bem familiar (arcade). Muitos novatos conseguirão se divertir de certa forma.
Certamente, a indústria de games quase não tem jogos nesta linha e Ace Combat 7 acaba suprindo esse espaço, mas o jogo tem muitos méritos. Sem dúvidas, o ponto positivo mais forte do título é a sua jogabilidade, que traz uma carinha de simulação com controles arcades.
Tudo o que a série teve de bom está de volta em Ace Combat 7. Os combates e perseguições aéreas estão fantásticos, trazendo toda a ação da qual a série se consolidou. O que temos aqui é jogabilidade, com controles muito responsivos e mecânicas competentes. Diversas mecânicas do passado retornaram. A própria dirigibilidade é algo que tem um destaque bem grande entre as qualidades. Usar os flaps combinados com a direção de bico funciona muito de maneira excepcional. Mas, caso você tenha problemas, há um modo de controles simplificado.
Cada caça tem suas particularidades e a árvores de desbloqueio de aviões e peças é bem legal. Durante varias horas que passei jogando, foi bem interessante mexer nas configurações de aviões e sentir as particularidades de cada um, algo que facilita bastante nas missões e principalmente no multiplayer.
Clima da guerra
O grande desafio de Ace Combat 7 são as variações climáticas, que servem tanto como um artefato visual incrível quanto uma mecânica que apimenta a jogatina. As nuvens são lindas, mas elas também servem para camuflar o seu caça dos radares inimigos e se esconder dos adversários. Mas não é só vantagem: as nuvens também podem congelar partes do caça e te colocar em situações complicadas.
Estes foram só um exemplo, mas há muitos outros tipos de clima que ajudam, atrapalham e, principalmente, mudam a jogabilidade. Tempestades com relâmpagos desativam os sistemas digitais do avião, ventos fortes atrapalham a direção e tempestades de areia criam armadilhas para batidas.
Tanto essa variedade climática como a variedade de missões são legais. Único ponto não muito interessante é que se torna repetitivo depois de um certo tempo de jogo. Em algumas fases, temos que destruir tudo que há pela frente em determinado tempo, em outras devemos fugir dos caças inimigos e há até mesmo algumas que envolvem trechos de furtividade.
Essa combinação é bem interessante e ajuda a variar a experiência, ajuda porém você aos poucos fica com a impressão que faz sempre a mesma coisa, a diversidade poderia ser maior. A campanha tem 20 missões e é muito boa, mas poderia ter mais missões bem diferentes ao longo dessa jornada, evitando repetir a fórmula de combate o tempo todo. Mas é legal ver níveis noturnos e outros bem-trabalhados (como o da cidade em ruínas), algo que soma bastante à experiência.
Bom para os experientes, difícil para novatos
Tudo em Ace Combat 7 é bem-feito. Até mesmo as lutas contra chefões são muito boas, trazendo boas dinâmicas. De antagonistas, como Mihaly, a aviões gigantescos, será preciso se desdobrar e usar o seu melhor para passar os obstáculos. Outro ponto é que poderiam existir mais chefões na jogatina. No geral, Ace Combat 7 é um jogo bem desafiador, principalmente se jogado no sistema de controles experiente.
Entretanto, esse desafio pode ser acima da média em alguns casos. Em termos de inteligência artificial, não há o que reclamar, mas Ace Combat 7 pode ser um pouco difícil para os novatos, opinião minha, nada que um pouco de persistência não resolva. Não há tutoriais de certas mecânicas, como o G Turning ou manobras diferenciadas, elas são essenciais para se dar bem em batalhas difíceis e no multiplayer sem dúvida. Tutoriais mais completos cairiam muito bem aqui.
Trama interessante porém estranha
Nas entrelinhas de todas essas perseguições aéreas, temos uma trama bem caprichada. A história é uma continuação de Ace Combat 5 e talvez seja meio confusa para marinheiros de primeira viagem. Contudo, apesar de ser uma sequência da para acompanhar bem o andar da carruagem.
O enredo envolve diversas disputas geopolíticas bem interessantes no mundo fictício de Strangereal, com Erusea se vingando de Osea pelos acontecimentos anteriores. Se você nunca se deparou com a franquia, pode estranhar bastante como a história é contada, pois as missões e as conversas antes de cada fase têm apenas peso estratégico no avanço da trama.
O desenvolvimento de personagens e maiores expansões sobre os acontecimentos globais são apresentados em cutscenes e elas nem sempre são relacionadas ao protagonista. É quase como duas linhas narrativas que se interlaçam. É aí que rola toda confusão.
A história geral não é tão boa quanto as de Ace Combat 4 e 5, mas traz alguns personagens e eventos bem marcantes. Mas, o formato “Ace Combat” de contar histórias acaba sendo ruim em alguns momentos, com informações transmitidas em conversas de rádio que se perdem enquanto você está concentrado em abater um caça inimigo. Eventualmente, você perderá um ou outro elemento importante sem querer.
Multiplayer excelente
Contudo, o sétimo game da franquia não é só isso: há um modo multiplayer bem legal e uma campanha separada exclusiva de PSVR.
O multiplayer é um componente significativo dentro do game. Apesar de não ser o mais robusto e variado que vemos por aí, ele tem potencial para horas de diversão. A campanha serve como um tutorial pra te deixar pronto para os peixes grandes, pois no online o bicho pega.
Há apenas dois modos, mas as variantes para os dois criam um bom leque de opções. No modo Batalha Real (que apesar de ser “battle royale” em inglês, foge da fórmula) temos um estilo “cada um por si” bem interessante, trazendo ação de primeira e muita tensão; já na batalha de equipes há o que você pode esperar: dois times lutando entre si. Diga-se de passagem isto ser a cereja do bolo, é muito bacana e desta vez seu time ajuda a destruir os inimigos, de fato a palavra multiplayer e batalha em equipes é levado muito a serio.
Ambos os modos partem do mesmo princípio: você tem cinco minutos para conquistar o máximo de ponto possível. A parte legal é que as batalhas podem ser personalizadas, como habilitar ou desabilitar armas especiais e limitar a pontuação de poder de cada caça. Em outras palavras, os donos das salas podem determinar um limite de poder de fogo, dando chance para os aviões mais básicos, espaço para aviões intermediários e playground para os melhores.
A opção de desativar os mísseis especiais também é legal para oferecer as clássicas dogfights com metralhadoras, algo que requer muita habilidade. Tem conteúdo para todos os gostos e é possível gastar um bom tempo aproveitando.
O bacana é que os gastos com aviões e peças são compartilhados entre a campanha e o multiplayer, então você pode usar os créditos de ambos os modos para desbloquear e usar as novidades. A conexão sempre foi boa, a experiência divertida e o nível de jogadores equilibrado, gerando um multiplayer bem balanceado.
As missão PSVR são bem bacanas
Por fim, mas não menos importante, há o modo em realidade virtual exclusivo para PSVR. São apenas três missões, então a duração é um ponto negativo, mas a qualidade é surreal, se tornando uma das melhores que já tive contato com o aparelho.
Há uma trama separada que serve como prequel e traz o icônico Mobius 1, protagonista do quarto game, em diversas missões de destruição de caças e bases terrestres. É possível que em um primeiro haja enjoos, mas com o tempo isso passa. Ter a opção de olhar os arredores, ver os inimigos pelo cockpit e ter o senso de velocidade ao extremo é impressionante.
Gráficos impressionantes
Toda essa experiência é reforçada pelos gráficos fantásticos de Ace Combat 7, que roda na Unreal Engine 4. No PS4 Pro e Xbox One X plataforma que joguei, não reparei quedas de fps e tive uma ótima experiência em 60 quadros por segundo. Mas, segundo relatos, algumas plataformas têm problemas mais sérios.
Os efeitos especiais são lindos, a destruição dos veículos inimigos é bem legal e há bastante efeitos explosivos que recheiam o game com uma apresentação incrível. A câmera em terceira pessoa ira trazer opiniões bem distintas, infelizmente opinião minha você fica com a impressão de jogo mal feito do avião estar parado e tudo no entorno se move, lembra aqueles jogos antigos de Mega Drive, Super Nitendo que o carrinho estava parado e somente o cenário se movia. Outra ressalva é a distância de renderização, pois em ambientes mais densos é possível ver o game “desenhando” ou seja construindo os objetos.
Vale a pena?
Ace Combat 7: Skies Unknown não é um jogo ruim. Ele tem seus probleminhas aqui e ali, a campanha poderia ser um pouco mais variada, em certos pontos você chega a ter impressão de ser maçante, passa 40, 50 minutos so atirando míssil e girando na tela, a história ter um modelo mais compreensível e mais didática, jogo todo poderia ser mais fácil e intuitivo para os novatos principalmente com tutoriais para os que não conhecem todos os comandos. Entretanto, ele é um jogo bem divertido, com um pacote de conteúdo muito bom e, principalmente, que consegue retornar às raízes da franquia.
Se você pensa em diversão em jogos de avião este é o jogo mais indicado, ao mesmo tempo que o jogo aparenta ser simples ele tem seus controles avançados mas basta você ter interesse em aprende-los. Indico o jogo e pode ter certeza que 30 minutos jogando off-line terá alguma experiência para se aventurar online que pode ter certeza que lá irá passar umas boas horas de jogatinas com seus amigos.
PONTOS POSITIVOS
- Jogabilidade e mecânicas de altíssima qualidade 20 missões com estruturas variadas
- Mecânicas climáticas dão profundidade à jogabilidade já robusta
- História interessante com muitos elementos sociais e geopolíticos
- As missões exclusivas de PSVR são uma das melhores experiências de realidade virtual que há
- Multiplayer bem sólido e divertido
- Cada caça e arma especial traz um tempero diferente à jogatina
- Gráficos incríveis, tudo em 60 fps
PONTOS NEGATIVOS
- Poderia haver mais batalhas de chefões e missões diferentes para não se tornar exaustivo e repetitivo
- Alguns elementos da trama se perdem durante a ação
- Poderia ter tutoriais avançados para os novatos da série
- O modo em VR poderia ser maior
- Ter um modo historia mais longo e diversificado.
Ace Combat 7
Desenvolvedora: Bandai Namco
Plataformas: Playstation 4, Xbox One, PC
Nota: 7.5/10