
Man of Medan jogo interessante ou não?
Man of Medan é o primeiro game da produtora Dark Pictures Anthology, ele terá uma sequência de jogos que ira abordar diferentes clichês do terror, em títulos com foco narrativo e pinceladas de exploração, onde até mesmo a morte de todos os protagonistas pode ser um final. Quem teve, jogou ou viu Until Dawn, se sentirá em casa. Como não joguei profundamente Until Dawn não tenho opinião definida se tem algum tipo de ligação ou não. Honesto em sua proposta cinematográfica, o game é interpretado por um vasto elenco de atores talentosos, cujas aparências são renderizadas nos mínimos detalhes para reproduzir jeitos e trejeitos naturais, sem forçar a barra.
O game, podemos colocar como jogo de estrelas que inclui o agora popular Shawn Ashmore, que atuou como protagonista de Quantum Break; Kwasi Songui, de “300” e “O Dia Depois de Amanhã”; Ayisha Issa, de “Imortais” e “Polar”; e Pip Torrens, da série “The Crown” e de “Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força”.
O ambiente gira em torno de um navio fantasma, abandonado em alto mar desde a Segunda Guerra Mundial. Um grupo de jovens meio folgados e super seguros demais de si mesmos irão aprender uma lição de humildade não apenas pelas mãos de piratas, interessados na mesma coisa que eles, mas também de forças sobrenaturais contidas no chamado Ouro da Manchúria. E como sempre acontece em histórias náuticas, mesmo aquelas não focadas no terror, a busca por riquezas e dinheiro fácil nem sempre acaba bem. Completamente isolados de qualquer terra firme, os companheiros encalham numa embarcação abandonada, e as coisas começam a acontecer. Você define o destino de 5 personagens ao longo desse horror interativo. A ideia, basicamente, é que essa seja uma viagem só de ida…
Man of Medan é aquele terror de deixar o jogador na ponta da cadeira, as mãos suando, o controle escorregadio, a respiração vacilante, representada, inclusive, num dos minigames mais legais que o jogo apresenta: pressionar o botão na hora certa para controlar os batimentos do coração numa linha cardíaca.
Sustos são reações que temos diante do imprevisível e geralmente acontecem graças a um bom trabalho de som. Se você jogar no mudo, por exemplo, não terá o efeito planejado pelos criadores. Man of Medan usa e abusa de clichês, o que pode agradar alguns e desagradar muitos – eu gostei da maneira como a Supermassive vestiu essa carapuça e a usou a seu favor.
Como Until Dawn, Man of Medan puxa mais para o lado do filme interativo do que do game, apesar de apresentar bem mais momentos de exploração e jogabilidade do que seu antecessor.
Não é exagero dizer que até mesmo o mais sutil dos detalhes é capaz de alterar a narrativa, em maior ou menor grau. A descoberta de um segredo sobre um personagem, por exemplo, pode modificar uma cena mais adiante no game, enquanto os reflexos rápidos nos botões e as decisões tomadas em cima do laço podem levar a caminhos nada desejáveis para os jogadores. E o mais impressionante é que, por mais babacas ou esquisitos que os protagonistas soem, você ainda consegue se importar com eles.
Este último, aliás, é o “Curador”, personagem recorrente em futuros jogos da antologia, de acordo com a Bandai e a Supermassive. Trata-se de uma espécie de conselheiro que quebra a quarta parede ao conversar com o jogador de tempos em tempos. O mentor pondera as decisões que você tomou e bota na balança o que pode ser bom ou ruim dali para frente. Funciona como oásis no deserto: um rápido descanso mental aos momentos de tensão – ou um respiro para os sustos incessantes, que não dão trégua.
Um detalhe ao levar Man of Medan para um universo multiplataforma, ao contrário de Until Dawn, exclusivo do PS4, algumas adaptações tiveram de ser feitas. Deixaram de existir (para alívio dos jogadores) o uso dos sensores de movimento, um dos fatores mais aterrorizantes do game anterior. Em seu lugar, entrou uma espécie de minigame rítmico, enquanto a Supermassive Games apostou forte em momentos de exploração para ampliar seu alcance junto ao público.
Aos fãs de Survival Horror do passado, a experiência chega a ser um deleite, lembrando os clássicos momentos passados com jogos
como Resident Evil e Silent Hill. A câmera, na maioria das vezes, é posicionada em ângulos inusitados para fazer parecer que alguém está observando o jogador. Funciona e, em diversos momentos, você vai jurar que viu algo em um cantinho, mas não há mais nada lá. E, acredite, muitas vezes seus olhos não estarão te enganando.
Uma herança maldita de 20 anos atrás, entretanto, também aparece na movimentação, travada e mais tanque até mesmo do que os clássicos do gênero. Andar com os personagens pelos cenários destruídos e cheios de objetos nem sempre será tarefa fácil e o jogador vai encontrar diversas paredes invisíveis, bem como itens que só podem ser coletados ou visualizados a partir de uma posição específica. São momentos pontuais, mas que chamam a atenção negativamente.
Problemas de performance e quedas nas taxas de frames por segundo não detectei nada do gênero pois foi jogado no Xbox One X. Porém detectei uma falta de sincronismo entre a fala e sincronismo lábial.
O problema é que o jogo da Supermassive é baseado em decisões rápidas e de momento, com trechos definidores da história que resultam na morte ou sobrevivência de um protagonista. E durante nosso processo de análise, um problema de performance desse tipo fez com que perdêssemos uma das personagens, pois o prompt de pressionamento repetitivo de botões não apareceu com tempo suficiente para que a tarefa fosse completada.
A Supermassive bebe muito da fonte dos antigos Survival Horrors no que toca o posicionamento da câmera entre clichês envolvendo o mauricinho interpretado por Shawn Ashmore, cara mais reconhecível do game, ou os irmãos Chris Sandiford e Kareem Tristan Alleyne, um esportista e o outro nerdão, está o Curador interpretado por Pip Torrens, a figura mais interessante de todo o game. Ele já sabe o que vai acontecer e decide brincar com o jogador, entregando dicas que podem mudar as coisas e facilitar a jornada, ou não, já que ele também pode te pregar uma peça de acordo com as atitudes que vem tomando.
Digamos mesmo em uma segunda jogada, GAME+ com spoilers já absorvidos e um conhecimento maior dos rumos da trama, fazer com que todos sobrevivam é tarefa difícil. Afinal de contas, como dito, todas as decisões alteram a história, e aquilo que você toma como garantido pode rapidamente se transformar em ameaça quando, novamente, desbravamos um braço completamente inédito da trama.
O modo multiplayer, que inclui coop de sofá com a boa e velha troca de controles ou um compartilhamento online de decisões, também contribuiu para o fator replay de Man of Medan. Depender dos outros para as decisões é um caminho que traz ainda mais angústia às partidas, enquanto a “noite de filme” compartilhada pode se tornar um belo programa de fim de noite.
Conclusão
Man of Medan é uma das portas de entrada a uma antologia que, se bem explorada, pode dar espaço a ótimas experiências do gênero, respeitando-se os pilares construídos pela produtora.
Não há muito o que mexer no gameplay e nem precisa: a proposta é entregar horror interativo, cinematográfico, que sustente a jornada no desenvolvimento dos personagens, nos sustos e na capacidade de apresentar uma narrativa.
O fator previsibilidade-imprevisibilidade e os clichês não vão agradar todo mundo, porém vale ressaltar que o enredo a trama cai muito bem, Navio, alto mar algo não muito explorado atualmente, claro os bugs técnicos que pausam um pouco a imersão, mas se é susto que você está buscando, Man of Medan é um banquete dos bons – e inspirado nos melhores do gênero. MINHA OPINIÃO PESSOAL, INDICO COM PROPRIEDADE, GAME MUITO BOM E GOSTOSO DE SE JOGAR.
The Dark Pictures Anthology: Man of Medan foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise.