
Demônios em Marte, de novo!
Há mais de vinte anos, o mundo se maravilhava diante de um jogo de tiro em primeira pessoa: Doom. Esse gênero ainda engatinhava e tinha como seu maior expoente, Wolfenstein 3D, também da ID Software.

A obra prima do trio John Carmack, Tom Hall e John Romero, chegou e revolucionou o gênero, plantando definitivamente o alicerce necessário para tornar os First Person Shooters um dos gêneros mais populares de todos os tempos.
Em Doom você assumia o papel de um Marine, trancafiado em uma base marciana, entupida de demônios. Não era preciso mais do que isso para inserir o jogador na ação frenética e na exploração de enormes mapas, cheios de inimigos.
Doom se tornou um fenômeno, com versões para diversos consoles e micros, duas continuações oficiais, alguns spin-offs e até ter uma adaptação para o cinema. Então, seguindo a tendência atual do mercado (carente demais de novas IPs), Doom entrou para o clube dos jogos que sofreram um reboot completo.
E esse reboot conseguirá causar o mesmo impacto que causara antigamente? O Kapoow destrinchou o novo Doom pra descobrir.
Sem pausa para um cafezinho
Logo de cara o jogador já percebe que esse reboot não veio para tentar deixar o enredo verossímil. Como em 1993, você é um Marine da UAC, preso em Marte com hordas de demônios! Até existe um pouquinho mais de background, mas o jogo não se preocupa muito em explicá-lo e, convenhamos, é Doom, não precisamos de mais que isso.

Doom já começa frenético. Ainda preso a correntes você mata alguns demônios (com direito a bastante Gore). Então, se liberta, pega uma pistola de plasma e começa a carnificina. Daí em diante, você provavelmente não vai ter muito tempo pra respirar, até que a fase termine.
A mecânica de Doom força o jogador a combater de forma frenética, na maioria esmagadora das vezes, em combate próximo. Se você é daqueles jogadores que gosta de ficar escondido, com sua sniper, resolvendo tudo de longe, vai sofrer um bocado.
Respeitando um pouco suas origens, Doom utiliza certos conceitos que os FPS modernos – para o bem ou para o mal – aboliram. Em Doom, você nunca recarrega sua arma até que ela fique vazia, não existe um botão de corrida, você está sempre correndo e, principalmente, não existe recuperação automática de energia.
Se você estiver morrendo, vai precisar encontrar um med-kit no cenário ou matar um inimigo. Inimigos mortos liberam uma quantidade ( bem pequena ) de vitalidade. Se mortos com uma “Execução Gloriosa” eles liberam uma quantidade bem maior. Essas execuções são feitas quando um inimigo está prestes a morrer e fica atordoado. Nesse momento, se você chegar perto dele e utilizar um golpe corpo-a-corpo, fará a Execução. Existem diversas execuções diferentes, de acordo com a posição em que você está em relação ao inimigo. Todas elas são bem violentas e, se você é do tipo que curte ver um demônio ter a cabeça dividida ao meio, vai gostar bastante.

Os cenários de Doom são muito bem planejados, cheios de detalhes e acabam se tornando um prato cheio para os caçadores de segredos e collectibles. Existem vários deles espalhados pelo jogo e são bem chatos de encontrar. Não é incomum terminar uma fase que tinha 5 segredos e descobrir que não encontrou nenhum.
Existe bastante exploração nos mapas – temos até o tradicional sistema de ID cards azuis, amarelos e vermelhos – o cenário-labirinto, entretanto, não é tão complexo quanto nos jogos clássicos mas é bem melhor que os mapas lineares que temos nos FPS modernos. Um cenário muito grande te obrigaria a ficar olhando o mapa o tempo todo e isso seria um tiro no pé da proposta de Ação que Doom possui.
I´m too young to die
As famosas dificuldades do jogo clássico: I´m too Young to Die, Hurt me Plenty, Ultra Violence e Nightmare estão presentes no reboot (Hurt me Plenty virou “Um Tapinha não Dói” na versão nacional ) e terminando o jogo é possível jogar na Ultra-Nightmare, onde você só tem uma vida pra terminar o jogo inteiro.

Na dificuldade padrão, jogo não oferece muitos desafios, basta saber desviar das bolas de fogo, dos tiros de alguns dos demônios, buscar as “Execuções Gloriosas” quando estiver na pior e você vai se dar bem. É um jogo bem simples, até.
Os mapas possuem checkpoints automáticos bem distribuídos, geralmente após se realizar alguma parte da missão ou depois de exterminar um ninho de demônios e a horda que vem junto com eles. Se você morrer, sempre retornará no último desses checkpoints.
Aliás, uma das coisas mais repetitivas na jogabilidade de Doom é justamente isso: O jogo sempre te empurra para lugares onde tem um “Ninho de Demônios” você arranca o coração dele, uma horda de inimigos começa a se materializar, você mata todos eles e parte pro próximo objetivo (que terá um ou mais ninhos).
A campanha Single Player é curta, mas o desafio de rejogá-la em novas dificuldades pode dar uma longevidade maior ao jogo. Já existem vídeos de speedrunners terminando em 5 horas, na dificuldade mais alta!
Existe um sistema de evolução de armas e armaduras em Doom que, apesar de não ser tão completo e complexo como em jogos mais como Fallout ou Borderlands, ainda é bem convincente e permite que você evolua o personagem de acordo com o seu modo de jogo, atribuindo mais vida, armadura ou dano ao personagem e mudando características de suas armas como dano explosivo ou atordoante, misséis mais fortes ou teleguiados e etc. Você obtém pontos para modificar esses atributos através de áreas secretas nas fases, runas obtidas vencendo desafios de habilidade ou simplesmente rasgando demônios ao meio com as Execuções. As missões também possuem desafios de habilidade que, se cumpridos, concedem pontos de evolução.
Gráficos e som
O Doom original trazia gráficos impressionantes e nunca vistos até o seu lançamento. Apesar de não ser o jogo mais bonito da atualidade, o reboot de Doom não decepciona no visual. Os cenários são ricos e detalhados e criam o clima necessário para se sentir sozinho e cercado por demônios num mundo alienígena.
O Kapoow testou a versão de PC de Doom, disponível pelo Steam, usando duas configurações distintas, em ambas o jogo rodou muito bem, sem necessidade de ajustes finos. Porém, há muita liberdade de personalização, dá pra ligar e desligar uma série de efeitos, e obter um desempenho mais agradável, se o jogador tiver conhecimento para isso. Doom também conta com três opções de acessibilidade para os daltônicos, que ajustam as cores do jogo para valores discerníveis para cada variedade dessa condição.

Doom conta com uma versão dublada e legendada em português, o que é ótimo e mostra a importância do mercado brasileiro para a produtora. A qualidade da dublagem não é espetacular mas também não decepciona. De fato, Doom é muito mais ação que diálogo e essa parte fica sempre em segundo plano.
A trilha sonora merecia um destaque maior. Versões mixadas da trilha dos jogos clássicos cairiam como uma luva na ação ininterrupta de Doom, mas os produtores preferiram seguir o comum nesse quesito: músicas apenas em cenas específicas, quando a ação acontece e silêncio e sons ambientes nas partes de exploração. Uma pena.
O Multiplayer de Doom
Doom também tem um modo multiplayer que, apesar de básico, pode proporcionar algumas horas de diversão aos jogadores mais competitivos. Seu grande problema é a falta de criatividade. Num mercado com grandes nomes no multiplayer competitivo como Star Wars Battlefront e Battlefield 4, que possuem modos de jogo complexos e estratégicos, Doom fica preso ao passado, com os modos tradicionais de Mata-Mata em Equipes e Capture the Flag que, apesar de maquiados com algumas novidades, como a capacidade de se transformar em demônios no mata-mata, ainda são, em sua essência, muito similares aos modos multiplayer dos jogos da época de Quake Arena e Unreal Tournament.

Nota: 8
Impressões finais
Doom foi produzido pela ID Software em parceria com a Bethesda Softworks e Zenimax Media. Possui versões para Xbox One, Playstation 4 e PC ( Steam ). O preço sugerido para o lançamento foi de R$ 230,00 nas versões para console e também para a versão de PC, o que revoltou muitos jogadores já que as versões de PC da grande maioria dos jogos são bem mais baratas que nos consoles.
Saulosan – Doom tem o necessário para agradar aos novatos e aos fãs de longa data da série. É um reboot que moderniza o jogo, respeitando suas origens. Apesar disso, podia ser menos repetitivo e mais longo. O trabalho de otimização no PC foi bem feito e é possível apreciar o jogo tanto em configurações mais humildes quanto nos super PCs dos entusiastas em gráficos. O multiplayer precisava de mais criatividade para sobreviver num mercado com jogos que possuem modos online bem mais maduros.
ElisBoa – Doom é um remake que, ao mesmo tempo em que parece datado em certos detalhes, é bom por ser justamente assim. Num mundo onde os FPS são cada vez mais complexos, é muito bom poder jogar algo que não te exija tanto, que te permita apenas desligar o cérebro e matar como se não houvesse amanhã. Doom 2016 nada mais é do que um mais-do-mesmo. Mas um mais-do-mesmo bom. Como Ramones.”
- O jogo foi gentilmente cedido pelo novo parceiro do Kapoow!, o Nuuvem. E, leitores do site podem comprar esse e outros jogos (inclusive em promoção) com desconto adicional de 5% usando o código de desconto KAPOOWNANUUVEM.