
Ash, sangue, tripas, multiplayer e muita, mas muita dificuldade!
Nunca curti filmes de terror, mas aqui a coisa é diferente. Sempre adorei a franquia Evil Dead (ou Uma Noite Alucinante aqui no Brasil), desde o primeiro longa. Com um primeiro filme de pegada mais séria, passando para as excelentes galhofas gore e cômicas das sequencias seguintes, até a sensacional e recente série de TV. O mundo assombrando, sangrento e hilario criado por Sam Raimi e icônicamente interpretado por Bruce Campbell sempre me divertiram, até mesmo nas HQs, em crossovers com os Zumbis Marvel (se não leram, por favor, façam isso, é incrível) e, apesar de algumas tentativas de anteriores de adentrar aos games, será que agora, finalmente, Ash e seus inimigos deadites encontraram sua melhor forma de conquistar novos públicos?
Após uma frustrante não participação em Mortal Kombat 11, a franquia ganhou um game próprio, Evil Dead: The Game, produzido pela Saber Interactive e pelo Boss Team Games, trazendo o multiplayer 4v1, algo que vem crescendo cada vez mais.
O jogo nos coloca não apenas na pele de Ash Willians, claro, ainda com Bruce Campbell e em todas as suas versões, como podemos jogar com outros personagens icônicos da franquia como Pablo, Kelly, Demônios, e até Henry the Red, do longa Army of Darkness. Mas bora lá, o que Necronomicon nos trouxe?
Afinal, qual a história do game?
Aí que está, assim como Rainbow Six Extraction, é um erro incrível não contarmos com um modo história completo. Ao menos em Evil Dead, temos missões solo melhores, que fazem um grande fanservice e alusões ao que já vimos nas telas. A cada missão completada, você ganhará skins e outros extras, além de liberar a seguinte fase. Na primeira missão, por exemplo, Ash tem que recuperar a cabeça de sua namorada Linda, que foi dominada pela maldição do Livro Necronomicon, assim como em Evil Dead 2. Tente, tente e tente muitas vezes, por que não será nada fácil!
Atenção, é preciso fazer o tutorial para seguir para os demais modos de jogo, o que neste caso, acreditem, vai ajudar!
Dificuldade
Imagino que a vida de Ashley Willians não deve ser nada fácil, mas não vejo a necessidade de tornar nossa jogatina um verdadeiro simulador dela. O modo de missões é absurdamente difícil. Sem checkpoint (isso mesmo, não tem!!), você terá que ir coletando e percorrendo todas as indicações necessárias para completar. E vejam só, se ao final vier a morrer…prepare sua paciência. Não adianta memorizar as localizações dos inimigos ou ficar esperando, eles vêm aleatoriamente e em quantidades diferentes a toda tentativa, sempre demorando horrores para morrer e pior, muito rindo da sua cara queixuda.
A dica é coletar a maior quantidade de amuletos (que te dão uma espécie de campo de força consumível), armas melhores e, principalmente, os refrigerantes, eles repõem sua vida. Detalhe importante, são muito poucos. Em compensação, no modo multiplayer a coisa alivia um pouco.
Em tempo, mesmo as missões serem um modo single player e, teoricamente offline, o game como um todo precisa de internet para funcionar. Se não conectar sequer irá para a tela menu!
Multiplayer
Obviamente o jogo nasceu com esse propósito (apesar de este que vos escreve não curtir nada esse tipo de estilo), entregando uma boa experiência. Podemos escolher entre Sobreviventes e Demônios, cada grupo tem personagens diferentes que formarão parte de sua equipe. Com várias armas, veículos e demais itens distribuídos pelo cenário, normalmente é preciso coletar peças do mapa para coletar páginas perdidas do Necronomicon e a Adaga Kandariana para derrotá-lo. Caso não curta muito jogar com amigos reais, o modo multiplayer também dá a opção de jogar com companheiros em AI, o que acaba por ser igualmente divertido e até menos irritante em alguns momentos. Outro ponto importante é que os personagens como Pablo, Kelly, Henry e os demais, também só podem ser acessados aqui.
Ainda em relação ao multiplayer, confesso que tive alguma dificuldade de conseguir outros player para jogar. Pode ser por que o game ainda é muito recente, então vale a pena aguardar um pouco mais, até para a galera pegar a manha, tomar gosto e adquirindo maior número de adeptos.
Jogabilidade
Essa é uma questão a ser comentada com cautela, pois apesar de ser bem gratificante colocar a motosserra em combate, não é nada simples mantê-la na direção certa. O game vem com uma mecânica de jogabilidade bem difícil, com movimentos complexos para girar e mirar, que vão te fazer passar muita raiva e que cooperam muito no aumento do nível de dificuldade. A resposta não é precisa em muitos momentos, o personagem acaba preso durante uma fuga, não pula, a esquiva é pouca efetiva e, principalmente, o tempo de recarga ou uso de itens durante os momentos de clímax. Em resumo é bem parecido com o novo modelo de God of War, mas piorado.
Claro que também temos um monte de habilidades a serem upadas e seu nível aumentará, porém isso só ocorre no modo multiplayer.
Gráficos
Ponto altíssimo do game. Evil Dead traz uma beleza gráfica impressionante e bem similar ao que vimos nos remakes recentes de Resident Evil 2 e 3. Com detalhes de personagens, veículos, zumbis, chuva, barro, tripas e muito sangue jorrando, aumenta absurdamente a imersão e a experiência a cada partida. Realmente é algo bem raro quando falamos em dedicação a um game oriundo de filmes ou séries. Chama atenção negativamente a repetição de deadites, são sempre os mesmo, chegam a 5 tipos que se repetem em todos os momentos.
O lado negativo fica, claro, para o modo multiplayer, onde a física acaba bem comprometida. Com personagens passando uns por dentro dos outros e, quando vai entrar em um veículo, somem e aparecem já em seu interior para que possa seguir o caminho, fica bem distorcido da qualidade que o jogo oferece com um todo. Uma dica, se estiver jogando no PC, é atualizar seu Drive Gráfico. A DLSS da NVIDIA, com o aumento de FPS, chega a um nível de entrega bem considerável aqui. Com a função ligada, é possível notar claramente uma melhora gráfica nos detalhes. Reflexos, a nitidez da chuva, na roupa molhada e claro, no brilho do sangue jorrado por Ash e seus companheiros cada zumbi esquartejado.
Som e Trilha Sonora
Se os gráficos ajudam na imersão, a trilha então nos coloca dentro do game, é incrível. Aterrorizante e muito bem alocada, sempre nos momentos mais tensos, te deixa apreensivo e ajuda, neste caso positivamente, a dificultar ainda mais a missão. Os grunhidos dos deadites ajudam a saber que estão próximos e são bem macabros. A nota baixa fica por conta do mal sincronismo entre as diversas falas de Bruce Campbell e a boca do personagem que não movimenta. Claramente a intensão foi excelente, mas a execução decepcionante, apesar de não atrapalhar a experiência.
Conclusão
Evil Dead é uma grata surpresa em sua concepção. Com personagens carismáticos que resgatam o fanservice no melhor estilo da dupla Raimi e Campbell, apesar de faltar mais do seu humor ácido por aqui. Com belíssimos gráficos e uma trilha muito bem encaixada e imersiva, o game peca ao não ter um modo história decente e apresentar um nível de dificuldade no modo missões muito exagerado, o que pode fazer os novos nesse mundo desistirem com facilidade. Com o foco no multiplayer, a entrega é suficiente e bem divertida. Ainda há muito por vir e por acertar, mas no geral vale muito a pena passar raiva! kkk
Hail To The King Baby!
EVIL DEAD: THE GAME
Data de Lançamento: 13/05/2022
Nota: 7,8/10
Estúdio: Saber Interactive
Desenvolvedor: Saber Interactive
Plataforma utilizada: PC
Código gentilmente cedido pela NVIDIA e Saber Interactive