
A análise faz parte do projeto e parceria Kapoow! & Game Lab ESPM
GRIS, jogo desenvolvido pela Nomada Studio em parceria com a Devolver Digital, chegou nos mostrando como a simplicidade de seu gameplay linear envolto em drama e estética evolutiva, pode nos prender a querermos passar horas a fio apreciando toda a beleza de suas cores enquanto entendemos, pouco a pouco, a profundidade metafórica de sua proposta.
De maneira despretensiosa, o jogo nos apresenta nos primeiros momentos a protagonista que durante uma canção perde sua voz e despenca de mãos imensas por um longo tempo enquanto a equipe criativa é apresentada. Após a queda, ela levanta-se em meio a um mundo com poucos traços e monocromático, onde o jogador pode ter as primeiras interações com este universo.
GAMEPLAY
GRIS é um jogo simples de comandos diretos. Você pode andar para a frente, para trás e pular. Conseguimos notar o carinho e dedicação aplicados a cada quadro das animações dos desenhos feitos a mão pelos produtores. A protagonista possui uma certa leveza em seus movimentos, o que acaba complementando toda a retórica proposta conforme avançamos e descobrimos cada vez mais coisas sobre aquele mundo.
GRIS se arrisca na fronteira de quase ser apenas uma aventura linear dinâmica, como um “telltale”, já que você não morre e pode apenas “seguir em frente”. Todavia, conforme avançamos na aventura, conseguimos descobrir novos poderes que nos permitem resolver os diversos quebra-cabeças no qual o jogo é composto, sempre bem elaborados.
GRIS também nos presenteia com diversas cutscenes de tirar o fôlego, ainda mais quando elas iniciam de maneira mesclada com o gameplay ou simplesmente fazem parte do gameplay, como quando a protagonista precisa fugir e escapar das profundezas de algo que quer devorá-la e puxá-la de volta para baixo.
ESTÉTICA
Se tem algo que impressiona em GRIS é a sua estética. O mundo que outrora era cinzento, vai ganhando novas cores conforme avançamos na “história”, enquanto cada cor nos revela um novo mundo. Novas áreas se tornam acessíveis e novos elementos se tornam interativos. O jogo de cores também dá o tom do momento que a protagonista se encontra, e juntamente com a trilha sonora minuciosamente executada, nos entrega a tensão dramática necessária, de maneira a conseguirmos entender cada vez mais a proposta arrojada que foi planejada.
MORTE E CHOCOLATE
E assim, após um desfecho de encher os olhos de lágrimas mesmo sem ainda entendermos direito o que acabou de acontecer, GRIS nos deixa a sensação nostálgica de já termos passado por algo semelhante ao que acabamos de jogar e quando menos esperamos, a ficha cai. Entendemos que conseguimos “seguir em frente” e que mesmo com raiva, tristeza, angústia, às vezes até negando que alguns momentos são realmente desafiadores, aceitamos que no final, o necessário era apenas isso, “seguir em frente”. GRIS é assim, um jogo sobre sentimentos e renascimento.
CONCLUSÃO
GRIS é um marco em sua estética e beleza, e acompanha o gênero de jogos como Abzú ou Journey, lineares. Fronteiriço, não existe vitória, derrota ou ameaça de morte nem elementos que proporcionem um fator replay imediato. Tem uma experiência visual carregada de tensão dramática e simbolismos, com cenários bem fundamentados e uma construção metafórica para nos fazer suspirar a cada detalhe novo revelado.
GRIS
Lançamento: dezembro de 2018
Desenvolvedora: Nomada Digital
Plataformas: Nintendo Switch
Nota: 9/10
Sobre o Autor: Mariana Faria, estudante de graduação da ESPM, cursou a disciplina ‘Análise de Jogos – Digitais e Analógicos’, ministrada pelo professor Mauro Berimbau.
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