
O assassino 47 está e volta em Hitman, o reboot em formato episódico que promete funcionar como um retorno às raízes do assassino careca. Lançado pela IO Interactive e pela Square Enix, o jogo funciona como um prólogo que apresenta as origens do carecão, ao mesmo tempo que aborda os acontecimentos como uma sequência de tudo o que já vimos do cara ao longo dos anos.
Com sete episódios esperados até o final do ano, o novo Hitman terá, a cada mês, um novo capítulo para jogar. Até agora, foram lançados o jogo base, que se passa em Paris, seguido do segundo episódio, que rola em Sapienza, na Itália e, mais recentemente, a terceira parte foi lançada com uma trama que acontece em Marrakesh.
Ironicamente, o mundo de Hitman é vivo
Em um jogo cujo protagonista é um assassino, é até irônico dizer que Hitman é um dos jogos com o mundo virtual mais vivo da atualidade. Boa parte disso se deve à inteligência artificial apurada dos NPCs, sobretudo os guardas e seguranças. Ao menor descuido, alguém já pode suspeitar de você e te forçar a refazer a sua estratégia.
Além disso, até personagens notadamente incluídos como “enfeites”, como uma repórter de TV em plena gravação da matéria, pode ser atrapalhada se voce passar na frente dela. Da mesma forma, garçons e convidados também podem te dar boas dicas, então é importante sempre ouvir o que eles estão dizendo.
O que mais chama a atenção são as possibilidades diferentes para se completar uma fase. É possível, por exemplo, explorar todo o cenário com uma liberdade digna de jogos em mundo aberto, coletar diferentes armas ou itens que podem ser usados para completar sua missão, como, por exemplo, pegar um veneno de rato e misturar na comida ou bebida de seu alvo.
Outras possibilidades bem bacanas são as diferentes roupas que você pode trocar ao dar cabo dos alvos, sabotar equipamentos, criar distrações e até ouvir NPCs para coletar dicas importantes sobre os alvos e optar entre usar ou não o que ouviu para completar a missão.
As missões também estão mais abertas e menos mecânicas. Agora, mesmo que voê seja visto ou a sua primeira tentativa não tenha surtido efeito, é possível improvisar e tentar usar uma nova tática. Para falar a verdade, a única parte realmente chata do jogo é o seu prólogo que funciona como um tutorial e que, ao invés de preparar o jogador, acaba irritanto justamente pela falta de liberdade em completar a missão como bem entender.
Visual poderia ser melhor
Não sei ao fato se a culpa é do formato episódico, que supostamente teria reduzido a qualidade visual em prol de um tamanhomais leve dos arquivos de textura, mas o fato é que Hitman definitivamente, não é bonito.
O jogo até tem lá os seus cenários bem detalhados, com alguns lampejos de beleza aqui e acolá, mas em sua maioria as texturas não saltam aos olhos e os próprios personagens, a começar pelo próprio agente 47, não convencem como um exemplo de jogo bonito graficamente da atual geração.
Além da modelagem não ser a melhor possível, a animação deixa a desejar, dando uma impressão um tanto robotizada do protagonista e dos seus principais alvos. Por outro lado, chama a atenção positivamente uma quantidade enorme de NPCs espalhados, com destaque para a parte do desfile de moda, onde há centenas de pessoas acompanhando o que rola na passarela.
Outra curiosidade de Hitman é a possibilidade de travar o framerate na versão de PlayStation 4, limitando os quadros de animação em prol de uma mecânica mais fluída. Entretanto, quem não liga para quedas de quadros por segundo pode até sentir o jogo mais rápido em alguns momentos em que o hardware do console não é tão explorado. Se quer saber minha opinião, limite o framerate. Em momentos com muitos efeitos e pessoas na tela, como na cena do desfile de moda, o framerate cai vertiginosamente.
Conteúdo matador
Antes de entrarmos no mérito do que o jogo oferece a longo prazo, um breve resumo do que eu penso sobre o formato episódico: gostei, mas muita gente vai torcer o nariz e até entendo.
O que eu curto desse formato episódico é justamente poder terminar as missões sem pressa e até ir curtindo paralelamente outros jogos. Além disso, esse tempo extra dá a IO Interactive o tempo necessário para eles ajustarem os capítulos para evitar bugs (notei alguns poucos bugs de colisão, mas nada muito gritante) e até oferecerem os extras que citarei nas linhas abaixo.
O que é ruim e muita gente pode reclamar é que, ao oferecer o jogo em capítulos, o novo Hitman pode até ser abandonado pelo jogador que já se “comprometeu” com outro jogo qualquer, fora que aguardar até um mês por um episódio acaba sendo um anti clímax para os mais apressados em saber como a trama se desenrolará.
Agora, falaremos dos extras: além das missões tradicionais, a IO Interactive incluiu o muito bacana sistema de alvos elusivos. Funciona da seguinte forma: por tempo indeterminado, o jogo vai incluindo um alvo elusivo da vez, que tem sua própria personalidade, mas sua localização no mapa é desconhecida e você deverá encontrá-lo por conta própria.
Uma peculiaridade desse modo é que, caso você o encontre, terá de fazer de tudo para matá-lo, pois se você morrer durante a tentativa, ele some definitivamente e você não terá outra chance de matá-lo.
Por fim, mais uma coisa bacana: ao completar a missão principal, Hitman oferece a possibilidade de você jogá-la novamente com desafios diferentes, incluindo missões criados pela comunidade. E, como teremos ao todo sete episódios, dá para se ter uma ideia de que teremos muita coisa para fazer até que o jogo esteja de fato completo.
Nota: 8
[Como mencionamos no começo do texto, Hitman ainda não está completo e o jogo tem ainda mais três episódios para receber. Entretanto, dá para perceber em seus três primeiros episódios de que os fãs de longa data do jogo estarão bem servidos com missões de assassinato muito divertidas e só possíveis graças a um mundo aberto cheio de vida e uma inteligência artificial muito apurada. Nossa nota, por enquanto, é pelo que o jogo oferece até então, o que não é pouco. Esperamos apenas que o jogo se sustente dessa forma nas missões seguintes e mantenha a mesma qualidade na mecânica e no belo level design das fases.]