
Jojo Rabbit um filme histórico, atual e surpreendente!
Jojo Rabbit foi indicado a 6 estatuetas do Oscar, mas ganhou apenas uma, como melhor roteiro adaptado. Na minha humilde opinião deveria ter levado várias outras, pois supera de longe os enlatados industrializados que levaram a noite.
A primeira impressão da obra, baseada em “O céu que nos oprime”, de Christine Leunens, é de um filme bobinho, inocente. Como aprovaram um filme com uma figura tão cômica de Hitler? Lembra Chaplin, fazendo muito alemão neonazista despertar. Mas com o desenrolar desta comédia dramática vamos entendendo que tudo não passa de um olhar a partir da imaginação fértil do pequeno Johannes Betlzer (Roman Griffin Davis) ou “Jojo”, um jovem Alemão que é membro da Hitlerjugend (Juventude Hitlerista). Ele ganha o apelido Rabbit por correr como um coelho em um dos treinamentos dos jovens.
Adolph Hitler (o diretor-ator Taika Cohen) é o amigo imaginário de Jojo que o ajuda/atrapalha em seus planos mirabolantes. Sua vida vira de ponta cabeça quando descobre que sua mãe Rosie (Scarlett Johansson) está escondendo uma garota judia no porão de sua casa. Uma mulher alemã que espalha secretamente mensagens contra a guerra, uma ativista anti-Nazi. O defensorzinho ferrenho do nazismo tem um grande dilema: se denunciar sua mãe toda sua família morrerá por trair a nação, se não denunciar e forem descobertos, também morrerão.
Que forma de contar o Holocausto e o terror da guerra! Lembra a inocência do “Menino do pijama listrado”, com o olhar alemão tradicionalista que enxerga cegamente as diretrizes do Fuhrer e levava os ideais até mesmo aos mais pequenos. Lembrei daqueles vídeos com os tradicionais discursos em estádios lotados de adoradores que mantém a postura e a atenção ininterrupta em seu mestre.
Somos apresentados à uma cidade tipicamente alemã durante a Segunda Guerra Mundial, seus ideais e crenças. Impossível que nossa sociedade venha cometer os mesmos erros? Talvez não, pois basta ver os lunáticos que temos no poder, que inventam absurdos sobre seus inimigos imaginários. Se naquele tempo imaginavam judeus fedendo repolho podre ou enxofre, com chifres e rabos como demônios, hoje eles podem ter olhos puxados, falar com sotaque, ter votado em outro político que não o seu, ou simplesmente pensar diferente de você.
“O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo”. Friedrich Nietzsche.
JOJO RABBIT
ANO: 2020
PAÍS: EUA
Gênero: Guerra, Drama, Comédia
DIREÇÃO e ROTEIRO: Taika Waititi
ELENCO: Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Scarlett Johansson, Taika Waititi, Sam Rockwell
Nota: 10/10