
Há cinco anos desde que Mass Effect 3 foi lançado sob muitos protestos dos fãs por conta de um desfecho bizarro de uma trilogia que começou encantando e terminou sem deixar saudades. Disposta a virar essa página e “salvar” a franquia, a BioWare passou todos esses anos trabalhando em Mass Effect Andromeda, que chega com a dura missão de fazer bonito. E isso até ocorreu, mas o jogo deixa um gostinho de que poderia ser melhor, bem melhor.
A trama coloca o jogador como um membro de uma iniciativa que tem como objetivo colonizar a galáxia de Andromeda. Após 600 anos de uma viagem em que centenas de tripulantes são subemtidos em um sono criogênico, o jogador precisa definir quais mundos serão habitáveis e onde investir seus recursos. E essa é a parte em que Mass Efect começa empolgando, pois a pitada de estratégia é muito bem vinda para um jogo que mescla RPG com uma história rica e empolgante e combates de TPS.

Bem-vindo à Andromeda
A história é realmente muito boa. Empolga desde o início e vai oferecendo acontecimentos importantes ao longo da jornada para mantê-lo sempre curioso em continuar, o que é ótimo para um RPG. Entretanto, a história tem lá suas inconsistências e te deixa com uma sensação de “eu não sei exatamente porque estou lutando contra esses caras”. Sem dar muitos spoilers, a verdade é que há uma guerra entre humanos e Ketts, mas falta profundidade para explicar melhor o porquê eles não gostam “da gente”.
De volta também estão as opções de respostas diferentes que, em tese, modificam a sua trajetória ao longo da trama, porém, esse ponto eu confesso que esperava mais, já que não é mais possível escolher até duas opções de resposta como no último jogo e algumas respostas ficaram bem…obscuras. Você realmente não sabe muitas vezes o que responder porque as opções não te deixam tão claro e, pior, as consequência muitas vezes são ignoradas pelo jogo, dando a impressão de que você está respondendo apenas para fingir que faz parte daquilo. Com o avanço da AI nos games atualmente, dava para a BioWare ter caprichado em um sistema um pouco mais denso e que justificasse uma nova geração para a série.
Outro ponto positivo do “lado” RPG do jogo é que agora é possível alternar habilidades com seus pontos investidos em diferentes itens, ou seja, você pode escolher seu personagem principal com ‘perks’ diferentes ao longo da jornada, guardando vários perfis de diferentes poderes e mudar seu estilo conforme os desafios exigem novas habilidades.
E louvável também é o “retorno” às raízes de Andromeda em relação ao terceiro jogo. Ao contrário do último capítulo da trilogia original, a scenas de ação ainda existem e até são bem interessantes graças ao sistema de esquiva pelo jato da armadura, mas é interessante ressaltar que fiquei uns bons quarenta minutos sem precisar dar um tiro no game, só curtindo a trama e gastando todo o tempo que eu precisava para ler, repensar e responder os questionamentos sem medo.
Adorável – e gigante – mundo novo
Vou tentar segurar a empolgação, mas, de longe, o melhor de Mass Effect Andromeda é a sua vasta exploração dos cenários. A galáxia é incrivelmente grande e repleta de coisas para fazer, descobrir e desbravar. Há diferentes planetas, que são igualmente grandes e com diferentes ambientes, incluindo cenas em florestas, desertos arenosos e céus apocalípticos de cair o queixo de tao belos e criativos. E, como em todo planeta inexplorado, há também locais com diferentes níveis de radiação que devem ser evitados ou ao menos explorados com mais cautela. Em certos momentos dá até um cagaço de sair do veículo.
Para se deslocar nesses locais, dá para usar o jato da armadura e alcançar novas áreas, lembrando até os jogos de plataforma do passado. Além dele, há o Nomad, que é um veículo cuja boa parte do tempo te levará para pontos mais distantes. Como os pontos de checkpoint são muito longe uns dos outros, é possível chamar o Nomad como o Batmóvel de Batman Arkham Knight.
Já a viagem entre planetas é feita pela nave Tempest, que também tem uma mecânica única de pilotagem e flerta até com diferentes forças gravitacionais que modificam a forma como ela se movimenta. É bem legal no começo, apesar de bem difícil, mas confesso que fiuei meio de “bode” após muitas viagens pra lá e pra cá.
Vale a pena?
Se você jogar Mass Effect Andromeda de coração aberto verá uma grande produção, com um bom visual (testamos a versão de xbox One, de longe, a mais feia tecnicamente de todas e ainda assim, fez muito bonito do ponto de vista artístico).
Ok, todo mundo tá mais careca do que eu de saber que o jogo chegou com os bugs bizarros nas animações faciais e que isso foi corrigido, mas não foi o suficiente para deixar o game livre de seu principal defeito técnico, que é a falta de emoção quando mais se espera, que são as cenas trágicas ou até, digamos assim, nas mais quentes. Quem pega Mass Effect Andromeda com a expectativa de se empolgar com sexo interrracial pode se frustrar ao perceber que, apesar de bem explícita, a cena estar longe de ser convincente.
Tirando isso e alguns deslizes na trama e na falta de profundidade em algumas das ações propostas ao personagem, Mass Effect Andromeda merece sua atenção por ser um dos poucos RPGs ocidentais com temática espacial dessa atual geração de consoles. Vale a pena pelo conjunto da obra, pela exploração sem igual e pela rica e empolgante história.
Só não sabemos, porém, se a história nos reservará um desfecho e, de tudo, isso é o que mais me preocupa. Com a recente notícia de que a Bioware dará um tempo na franquia e com algumas respostas sem sentido inicialmente pelo menos por enquanto, é capaz que Andromeda nos deixe com lacunas a serem respondidas.
Nota: 7
[Em resumo, Mass Effect Andromeda não chega a arrebatar corações a ponto de esquecermos o impacto que o primeiro Mass Effect causou no Xbox 360, mas está longe de ser considerado um péssimo jogo. É até bom e deve ser ao menos jogado por fãs da série e até por quem nunca curtiu um capítulo da trilogia original]
Versão testada: Xbox One*
*Agradecemos à assessoria de imprensa da Warner Bros pela cópia enviada para teste.