
Visceral, abrangente, polêmico, ilustrativo e esclarecedor são alguns dos adjetivos que eu usaria para descrever esse dois filmes se todas as melhores ideias narrativas não fossem desperdiçadas e jogadas pela janela dentro de um fraquíssimo roteiro. Alias, esse roteiro da obra trazida pelo Amazon Prime conseguiu o impensável. Contar uma história de ficção baseada em fatos reais.
Os Filmes
A ideia foi brilhante. Mostrar duas versões teoricamente complementares de um trágico caso, nacionalmente conhecido e de grande repercussão, que se bem feito, se tornariam praticamente um documento histórico. O cinema americano é especialista nesse formato, que facilita muito para quem não viveu a época ou não teve conhecimento do caso a fundo. Esse gênero é muito importante e te dá a possibilidade do cinema nos levar a discutir, analisar e refletir sobre comportamentos, não só dos envolvidos, mas até de nos mesmos.
No entanto, o que vimos foi uma historia genérica. Absolutamente rasa de personalidade e profundidade e que desperdiçou uma fantástica dupla de protagonistas, principalmente Carla Dias que, com certeza, trouxe a melhor atuação de sua carreira. Diálogos, por vezes forçados e uma estranha sensação de que o roteiro estava tentando apresentar uma justificativa para os assassinatos também não contribuíram para o resultado do produto final que chegou as telas.
Conclusão
A situação que mais me incomodou foi o fato de que os dois filmes são baseadas em depoimentos de defesa desacreditados pela polícia. Alias, se a ideia de dois filmes era de se ter uma visão mais completa, faltou a versão oficial dos fatos. Faltou também mostrar o julgamento e as consequências para todos os envolvidos que são fatos muito mais relevantes do que os mostrados aqui. Nem o modo como a policia descobriu que não se tratava de um latrocínio( roubo seguido de morte) e sim de um assassinato a sangue frio com envolvimento da filha Suzane e dos irmãos Cravinho foi mostrado ao publico. Ao invés disso, cada versão desperdiçou boa parte do tempo em momentos malhação e na vontade de mostrar a Carla Diaz sem roupa. Uma produção com capacidade de trazer algo novo ficou sem razão de existência.
7 Curiosidades do Caso Richthofen após o julgamento:
- Existe uma grande discussão se Manfred Von Richthofen é parente do Barão Vermelho(informação dada pelo próprio Manfred em uma entrevista), o mais popular piloto de avião de caça alemão da história, mas tanto o Consulado alemão no Brasil, quando os historiadores alemães negam o fato.
- Suzane Von Richthofen foi endereçada ao mesmo presídio de Anna Carolina Jatobá (Caso Nardoni) e Elize Matsunaga
- Suzane, temendo pela vida dentro da prisão, acabou se envolvendo com Sandra Regina, a Sandrão, uma das pessoas mais perigosas da cadeia e que até então era namorada de Elize Matsunaga.
- A substancial herança da família Richthofen ficou para o irmão mais novo Andreas. Andreas no entanto enfrenta problemas sérios com álcool e drogas e portanto o cuidado da fortuna foi passado provisoriamente a parentes próximos.
- Daniel Cravinhos se casou e retirou Cravinhos de seu nome, adotando o sobrenome Bento de sua esposa.
- O filho de Cristian Cravinhos pediu anulação de paternidade e conseguiu judicialmente retirar o sobrenome alegando constrangimento.
- Mesmo avaliada negativamente por duas vezes no teste psicológico de Rorschach, que a classificou como imatura, narcisista, manipuladora, Infantil, de agressividade camuflada e sem capacidade autocrítica, a justiça liberou para Suzane algumas saídas do presidio em datas comemorativas, incluindo ironicamente o dia dos pais.
O menino que matou meus pais/ A menina que matou os pais
Direção: Mauricio Eça
Plataforma: Amazon Prime Vídeo
Nota: 4.5 /10