
Recrutamento traz o melhor e o pior do game
Confesso que nunca fui muito fã de Watch Dogs. Quando o game original foi lançado, achei que seria uma alternativa futurista ao que vemos em Assassin´s Creed, game do qual gosto muito e justamente pela temática histórica. Sendo assim, pouco me dediquei ao aprofundamento da franquia dos hackers. Porém desta vez, me empolguei com a premissa e resolvi jogar.
O game da Ubsisoft, na realidade, está muito mais para um GTA futurista, com um pouco mais de restrições em relação ao seu comparativo, principalmente em termos de acesso e de poder fazer tudo, e um mapa menos recheado, mas traz uma novidade interessante que acaba por se tornar um diferencial importante e até inovador.
A premissa nos mostra uma conspiração para incriminar o grupo de hacktivistas DedSec, com uma série de atentados (que lembra V de Vingança) e faz com que o governo opte por privatizar a segurança de Londres. Albion, empresa encarregada deste serviço, transforma a capital em um local restrito, onde o que menos se tem é liberdade.
Com praticamente todos os seus membros mortos, a DedSec agora busca novos recrutas para livrar Londres de sua “prisão”, buscando provar sua inocência e os verdadeiros culpados pelos atentados. Confesso que gostei da ideia, apesar de achar que existe uma evidente mensagem política envolvida, o que não vejo problema nenhum.
Jogabilidade
Como comentei acima, o game é praticamente um GTA, com as mesmas ações, modo de “procurado”, possibilidade de acesso aos veículos e tudo mais. O que destaca aqui são as habilidades dos personagens e principalmente seus instrumentos hackers que dão grande parte da diversão.
Se você já é um player assíduo de Watch Dogs, vai tirar de letra e se, assim como eu, experimentou pela primeira vez, terá total tranquilidade em relação aos controles. Os movimentos são fáceis de ser aplicados e acionar os artefatos idem.
Fica apenas minha ressalva ao modo de combate “corpo a corpo”, apesar de termos comandos aparentemente simples, em certos momentos parecem não responder e principalmente são muito repetitivos.
Em relação aos veículos, preparem-se para bater em tudo! Não é tão simples conduzir, principalmente em momentos de pressão, o que acarreta uma provável perseguição da Albion por ser um “causador no trânsito”, atrapalhando a missão. Manter o controle demanda habilidade que melhoramos com algumas horas de jogo. Caso não queira ser procurado, existe a opção de piloto automático, mas trabalhe bem sua paciência antes de acionar a opção.
Gráficos
É sempre importante ponderar a questão de gráficos quando o falamos em um game de mundo aberto, mas fico com a impressão, neste caso, que a entrega poderia ser melhor. Se levarmos em conta games na mesma linha como Read Dead II, The Witcher, ou mesmo os Assassin´s Creed, que também tem a exploração e muitos elementos em tela como ponto forte, a diferença fica evidente.
Os veículos e principalmente os personagens decepcionam um pouco para um jogo novo e que está prestes a nos entregar para a nova geração.
Isso quer dizer que Watch Dogs Legion tem gráficos ruins? Não! Mas é um caso de expectativa maior que a entrega.
O melhor e o pior se convergem.
Pode parecer complicado, mas vou tentar explicar. O que mais me chamou atenção positivamente em Watch Dogs Legion é a opção de recrutamento. Aqui não há um personagem principal, podemos recrutar e controlar qualquer pessoa durante o jogo.
Algo que é muito inovador e ajuda a empolgar, onde conseguimos incrivelmente ver que existem informações de absolutamente todos os cidadãos. Dessa forma podemos escolher quem tem as habilidades e visuais que mais nos agradam e seguir com as missões. Falando em missões, para que consiga ter o controle de seu cidadão favorito, é preciso concluir seu pedido de ajuda e assim recrutá-lo.
Além de escolher com quem jogará, também é possível personalizar cada um, com roupas, equipamentos, máscaras de “assalto” e até de “pandemia”.
Sem dúvida está inovadora opção se destaca, mas ao mesmo tempo, por não existir um personagem principal, o game não cria um vínculo, perdendo seu carisma e, com o passar de algumas horas ou no dia seguinte, você repensa se segue jogando ou escolhe outro título. Confesso que passei por essa situação algumas vezes.
Diversão
Como todo game de mundo aberto, Watch Dogs Legion guarda mini games para descontração, além de algumas situações que nos despertam interesse, fugindo um pouco da história principal, mas que divertem bastante.
Durante o percurso pela cidade, nos deparamos com campinhos de futebol ou mesmo ícones de bola no mapa. Agora é possível dar uma parada e fazer algumas embaixadinhas para distrair. Mas não pense que é fácil!
Igualmente podemos jogar dardos em Pubs, além outros momentos que sim, são de missões secundárias, mas que igualmente divertem, como sobrevoar Londres em um drone gigante, fazer entregas ou participar de torneios clandestinos de luta para recrutar mais agentes.
Dublagem
A dublagem é boa e cumpre bem seu papel trazendo jargões típicos brasileiros e deixando o jogador mais “em casa” durante a jogatina. Porém, em certos momentos algumas falas tornam-se repetitivas no roteiro, o que acaba ficando maçante e irritando um pouco. Logo no início do game é possível notar a presença da voz de Ettore Zuim, dublador do Batman de Christian Bale e dos jogos Injustice e Arkham Knight.
Conclusão
Watch Dogs Legion vai agradar os fãs da série. Com a definição por parte da Ubisoft de que achou o caminho seguindo no estivo GTA, o game diverte e utiliza uma inovadora forma controle de personagens através do recrutamento, que certamente garantirá muitas horas de jogatina e atrairá a atenção do público geral.
Os gráficos podem decepcionar um pouco, assim como os pequenos bugs costumeiros. Apesar da premissa interessante na história, a falta de um personagem principal faz com que a trama não empolgue, criando pouco vínculo com o jogo em si.
Watch Dogs Legion
Data de Lançamento: 29/10/2020
Nota: 7,5/10
Estúdio: Ubisoft
Desenvolvedor: Ubisoft Toronto
Plataformas: Playstation 4, Xbox One, PC Windows