Angry Videogame Nerd Adventures – Um game do… baralho! [Análise]

“He’s gonna take you back to the past, to play the shitty games that suck ass…”

Se você sabe de onde veio a frase acima, então é provável que (também) seja fã de James Rolfe, mais conhecido como Angry Videogame Nerd.

Para quem (ainda) não o conhece, ele é um personagem criado por Rolfe em 2004 para analisar jogos em forma de vlog. Entretanto, o que fez sucesso foi o fato do Angry Videogame Nerd fazer resenhas apenas de jogos antigos, daqueles considerados “ruins” pra baixo, misturando humor escatológico e uma verdadeira onda gorgolejante de insultos, proferidos a cada falha, cada incongruência ou erro de programação.

É provável que você já tenha sentido a mesma frustração jogando diversos games, na sua infância ou atualmente e o “The Nerd”, de Rolfe é justamente sobre essa sensação que tivemos. Sua fama se deve a essa criação irreverente que mistura nostalgia, comédia e toques cinematográficos (ele próprio um cineasta formado), a um nível que ele chegou a inspirar diversos outros críticos a seguirem esta formula como o Nostalgia Critic (filmes), Linkara (histórias e quadrinhos) e The Spoony One (focado em RPGs). Até mesmo outros games independentes além deste! Não é a toa que ele conseguiu arrecadar mais de U$ 300 mil em doações de fãs para criar um longa metragem à ser lançado ano que vem!

“Mas e o jogo”, você pergunta. Pois bem, vamos lá!

É engraçado ver como a criatura se torna criador, e de criador novamente em criatura. Nietzschiano até. Podemos dizer que o jogo adapta o personagem para os games, sim, pois ele não fora estabelecido diretamente em um jogo, significando que, um fator importante para começar a analisar é o quanto a obra é fiel ao original.

E aqui eu sou obrigado a dizer que é fiel, pra, cacete!

Retrô e difícil pra baralho

A primeira coisa que você vai notar é que é o estilo retrô, emulando um game 8-bits, assim como Megaman 9 e 10, ou os brazucas Oniken e Knights of Pen and Paper. As opções de jogo são Fácil, Normal ou Old School (um jogo sem as molezinhas de hoje em dia). Mas não se engane, ainda escolhendo a opção fácil, o jogo é difícil pacas, mas já já chegamos lá.

Vemos a intro mostrar que o AVGN estava curtindo mais um ‘joguinho de merda’ com seus amigos, quando uma força misteriosa suga seus colegas para o jogo, e um braço mecânico saído da TV puxa o Andry Nerd pelo saco para dentro.

Em seguida começamos em uma “fase de introdução”, que conta mais para você se ambientar com o jogo, como nos games de Mega Man. Uma fadinha irritante chamada “Naggi” (paródia de vocês sabem quem), aparece para dar dicas para o Nerd, e o jogo começa de fato.

Meu amigo, é aí que você vê que está fodido.

Começando pela jogabilidade, o Nerd ataca com tiros de Zaper (aquela pistola do NES), em várias direções que você deve mirar antes de atirar. Começando a jogar um pouco você percebe que o game é quase IMPOSSÍVEL de se terminar.

Os controles são duros, mas funcionais, assim como o salto. Você pode atacar ou usar um power-up que encontra pelo caminho.

O que deixa o jogo dificílimo é o fato de que existem MUITAS situações de morte instantânea. Existem uns blocos com um desenho de caveira que, como devem ter aprendido muito bem com o Seu Madruga, são mortais. Se você cair em vãos, tocar em algumas superfícies etc, também morrerá na hora. Claro, você tem uma barra de energia, contada em cervejas (seis para o nível fácil, três para o normal e hard), que apenas inimigos e alguns obstáculos podem causar dano. Entretanto, a maioria desses inimigos estão lá ou em seções que são apinhadas deles, fazendo que, com um deslize, você ricocheteie como um pinball, perdendo sua energia em segundos. Quando isso não acontece, os inimigos e obstáculos estão lá apenas para fazer você bater ou cair para a morte instantânea. Não é a toa, durante cada fase, dezenas de checkpoints pintam para salvar seu progresso, um praticamente logo atrás do outro!

Além disso, no modo normal você possui apenas 30 vidas para passar uma fase, caso não consiga, você volta para o começo. No modo fácil as vidas são infinitas e no difícil, os continues são FINITOS!

Resumindo: você irá morrer, pra caramba!

Quando você perder todas as suas vidas, você será agraciado com a seguinte placa:

Diversão como no passado

Agora você deve estar imaginando: “Para que eu vou querer jogar uma merda dessas”. Sim, ele é difícil demais, mas é exatamente por isso que é legal de jogar.

Dá para pensar em má programação algumas horas, mas o fato é que ele foi criado exatamente para ser um jogo difícil, com cara de ruim, com coisas inúteis e etc, assim como a maioria dos jogos que o Angry Nerd joga. Assim como ele, você também fica irritado com os fracassos, mas o jogo é diferente, ele não é injusto ou bugado de qualquer forma e você se sente muito satisfeito ao terminar uma fase pois consegue valorizar todo o esforço para tal.

Outra coisa: assim como o Nerd conta com seus amigos durante o game, você também pode jogar com seus camaradas, mesmo o jogo ter apenas modo para um jogador. Esse é um daqueles jogos que você pode reunir o pessoal e jogar, um de cada vez passando o controle com aquele pensamento de “tá rindo né, quero ver você agora!”. Isso só ressalta como AVGNA é um game divertido, pois mesmo com todas as dificuldades, ainda é legal de se jogar.

Passando a primeira fase, você verá diversas fases para escolha livre, em um estilo Megaman. Porém, você não vai ganhar nenhuma arma diferente ao derrotar o chefão, somente encontrando os amigos do Nerd para ter uma variedade em seus ataques e habilidades. Alguns exemplos:

– The Couch Guy (O cara do sofá, ou Kyle Justin), que é o autor da canção tema do programa. Em um dos episódios ele morre, para ser ressuscitado em outro. Para atacar, ele toca sua guitarra que envia ondas sonoras que atravessam paredes.

– Mike Mattei: Mike aparece em vários videos, servindo como intérprete de personagens, quando é necessário alguém para contracenar com o Nerd. Ele ataca com um sabre de luz, sendo o único que não possui um projétil, mas ele compensa isso com uma visão raio-x que permite quebrar paredes e encontrar passagens secretas.

– Bullshitman: É o próprio Nerd travestido de Homem-Fezes, em seu outro quadro (“You Know whats Bullshit”, ou “Você sabe o que é uma merda?”), em que dispara sua ira para coisas do cotidiano. Seu único diferencial é que seu ataque é o mais poderoso de todos. Você pode imaginar muito bem o que ele atira nos inimigos para causar mais dano, não?

Você só pode pegá-los nessa ordem, e dominar em que trecho cada um deve ser usado é a chave para se finalizar com mais “facilidade”.

Revisitando clássicos. Ou quase isso

Agora sobre as fases. Todas elas tem um pouco a ver com a trajetória de resenhas do Angry Nerd e tem alguma piada em seu nome, como Dungeouns and DickHoles, paródia de Dungeons and Dragons e de todas as fases com tema medieval”. Já dá para ver logo de partida o tom escrachado do jogo. O primeiro inimigo que você encontra é um pássaro, com cara de dinossauro que dispara matéria fecal em cima de você, assim como acontece em um dos primeiros games resenhados pelo Nerd, “Dr Jekyll and Mister Hyde”, para NES.

Outra curiosidade: durante o episódio em que ele comenta sobre Super Pitfall, para NES,logo na primeira escada que surge, o personagem cai e, sem controle algum, morre ao tocar um inimigo, ou caindo em uns espetos mais abaixo. A versão do Nerd tira um sarro dessa “injustiça”, colocando uma escada que leva a um rio de lava, com dois megalodontes em chamas, espetos embaixo e fechando nas laterais, enquanto vulcões de cabeça para baixo atiram bolas de fogo. Ufa.

E quer saber a graça maior? Não há NADA de especial nesta sala, além da morte certa. Fico imaginando quem desconhecia a piada e desperdiçou inúmeras vidas tentando descobrir se existe algo secreto no local.

Em suma: o jogo fica ainda melhor para quem conhece os vídeos do Angry Nerd (de preferência, todos), e pode sacar de onde diabos veio isso ou aquilo. Algumas vezes você vai chegar a morrer propositalmente para ver algumas frases lisonjeiras do Nerd para seu próprio game.

Destaco em particular a fase Beat it and Eat it, baseada no jogo homônimo para Atari, em um episódio que o nerd destrinchou jogos PORNÔS para o console. O nível é repleto de bizarrices, como glandes mamárias femininas, tripés saltitantes, líquidos seminais, falos e coisas do tipo, em um ambiente que agrega ao camarote da bizarrice. O jogo aproveita realmente o material disponível para fazer graça, não se contendo graficamente para divertir o jogador.

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Ficha Técnica:

Angry Video Game Nerd Adventures

Plataformas: PC (já disponível), 3DS e Wii U (previsão para 2014)

Desenvolvedor: FreakZone Games

Distribuidor: Screw Attack Entertainment

[/pullquote]Outro ponto forte para se destacar é a música. Você vai se pegar cantarolando as canções de algumas fases enquanto não estiver jogando, pois elas são muito bacanas mesmo!

Em resumo: o jogo é divertido à sua própria maneira. Você não vai conseguir sensação similar à de jogar Super Mario, Megaman ou algo parecido jogando Angry Videogame Nerd Adventures, e talvez este seja justamente o ponto forte do game! Ele consegue ser fiel ao material de origem, ao mesmo passo que também é inovador.

É um desafio para os gamers atuais, mal acostumados a dicas pipocando a cada instante de como jogar, checkpoints desnecessários a cada instante (sendo que em AVGNA eles são muitissimos justos), ou um nível de desafio que chega a ser chato pela dificuldade.

A única ressalva é o fato de que ele está custando R$ 25,00 na Steam. Preço que pode assustar muita gente, ainda mais pelo fato de não ser um jogo com gráficos revolucionários.

Se você é um fã de games retrô, vai gostar tanto desse jogo quanto um fã do Angry Nerd. Entretanto, caso já acompanhe a série, saiba que o game certamente ficará ainda mais divertido.

Nota: 7,5/10 (9,5/10 para fãs do AVGN)

Admin Ghall

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