
Antes de iniciar a análise propriamente dita de Bloodborne, eu preciso esclarecer um ponto importante aqui: eu nunca joguei Dark Souls ou Demon’s Souls, nem por sequer cinco minutos. Este fato pode ser bastante relevante para quem estiver lendo este texto e esperando uma comparação entre os títulos, se Bloodborne é ou não um “sucessor espiritual” da série Souls e outras indagações deste tipo.
No entanto, o que me chamou muito atenção em Bloodborne, desde o seu primeiro trailer divulgado, foi a semelhança com um jogo que eu adorava na década de 90, na era Playstation: o Nightmare Creatures, lançado em 1997 pela Activision, e com uma temática extremamente semelhante. Dá até para dizer que é um precursor destes títulos todos? Dá. Dá, sim. E era um jogo delicioso e viciante, mesmo sendo difícil, e este também é o caso de Bloodborne.
A princípio, eu confesso que achei que não conseguiria jogar Bloodborne, justamente por seu nível de desafio, algo a qual não estamos mais acostumados nos jogos tão fáceis (em sua maioria) de hoje. Mas seu apelo é simplesmente irresistível, ainda mais para quem curte uma vibe de jogos sanguinários e com uma atmosfera gótica e sombria. Conclusão: desde que coloquei o jogo no console, mesmo apanhando muito, morrendo o tempo todo e me irritando com o carregamento demorado para o retorno ao ponto de verificação a cada nova tentativa, de alguma maneira eu me sentia masoquista por não parar de jogar! Sim, você irá decorar a posição dos primeiros inimigos, matá-los várias vezes, morrer mais tantas vezes, jurar que não quer mais olhar para o jogo, mas, só de pensar em desligar, vai logo dizer “tá, só mais uma tentativa”. E este ciclo infinito se repete por horas.
Falando sobre o enredo de Bloodborne, você é um estrangeiro em Yarnham, tomada por uma terrível maldição que transformou a maior parte de seus habitantes em mortos vivos hostis e em criaturas horripilantes. Você, agora caçador, deve sobreviver e ir em busca de uma cura para a doença que assola a cidade. A primeira coisa a se fazer no início do jogo é assinar um contrato, personalizando o seu caçador (ou caçadora, este foi o meu caso).
A sua primeira morte é praticamente inevitável, e o leva ao “sonho do caçador”, um local onde você poderá comprar, vender e armazenar itens, além de melhorar suas habilidades, vestes e armas. Depois de algum tempo de jogo, depois da primeira morte para o primeiro grande chefe do jogo (mais uma morte praticamente inevitável, acostume-se com isto), você despertará a boneca abandonada no jardim do sonho, onde poderá finalmente usar os ecos de sangue, que são os pontos acumulados dos inimigos que você matou, para a melhoria de diversos atributos do personagem, como força, resistência, vitalidade e perícia com as armas.
Bloodborne possui um modo cooperativo, onde é possível “pedir a ajuda” de outros caçadores pelo mundo para sobreviver à noite de caçada em Yarnham. E, acredite, você irá precisar de toda ajuda que puder ter, inclusive com a possibilidade de ler e deixar mensagens para esta “rede” de caçadores de bestas. Além da boneca, você conta também com o auxílio de Gehrman, que um dia também fora um caçador.
Fora do sonho do caçador e de volta à matança, cada vez que você morrer (e, lembrando, não serão poucas), recomeçará no último ponto de verificação, que são lanternas envoltas em almas. É claro, suas ações, como abrir portões e pegar itens, ficam gravadas ao morrer e retornar, mas seus ecos de sangue zeram a cada morte, assim como todos os inimigos voltam aos seus postos, e, sim, você terá que matá-los novamente.
“Mas e se eu quiser só voltar ao sonho do caçador para usar meus ecos de sangue, antes que acabe morrendo de novo?”, você se pergunta. Mesma coisa: você terá que matá-los todos de novo, depois que retornar. A perda dos ecos de sangue a cada morte é realmente frustrante, portanto, antes de sair feito um louco dando machadadas nas hordas de criaturas, use os itens a seu favor, como os calhaus, que são bolinhas que podem ser jogadas nos inimigos para chamar atenção e afastá-los dos bandos.
Enfrentar mais de um monstro por vez também pode ser um desafio, ao menos no início do jogo, que funciona como uma espécie de tutorial e treino em campo para o que está por vir, e pode fazer com que muita gente desista, devido ao seu alto grau de desafio. Mas, não, não desista! Inevitavelmente, você se sentirá o pior jogador do mundo e acreditará não ser digno de possuir um videogame em casa, mas, calma, porque tudo melhora. E aí, meu amigo, depois que o pior passar e seu personagem começar a evoluir, é melhor reservar várias horas para jogar Bloodborne e saciar a sua sede de sangue.
NOTA: 9 / 10
[Classificado como um “action RPG”, Bloodborne é exclusivo para PS4, foi desenvolvido pela From Software e tem em sua direção Hidetaka Miyazaki, diretor de Dark Souls e Demon’s Souls, dos quais Bloodborne é considerado um sucessor espiritual. Não deixe as inúmeras mortes te fazerem desistir deste jogo: seja forte, resista bravamente e se prepare para passar horas e horas matando as bestas da cidade de Yarnham.]
Postado originalmente em Resident Evil Database / Horror Database.
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