
Já devem ter te feito a pergunta: que jogo de videogame você levaria para uma ilha deserta? É uma pergunta bastante complexa (e absurda, na ilha pode não ter eletricidade pra jogar, por exemplo) e que envolve muita ponderação, mas se eu pudesse escolher o sistema, com certeza um jogo que eu levaria seria o Toe Jam & Earl, do Mega Drive. Por que esse jogo? Simples: as possibilidades nele são infinitas, os cenários, itens e inimigos são aleatórios e, cada partida é uma partida diferente. Eu posso jogá-lo por 20 anos e ainda assim não terei um jogo repetitivo em mãos.
Essas características são comuns a um estilo de jogo chamado “rogue like” e, como você pode imaginar, jogos nesse estilo, são raros. Toe Jam & Earl é um dos poucos jogos que se encaixam nessa categoria. Diablo, tanto a versão de PS1 quanto a de PC, também se encaixa nesse estilo. Mas se esse tipo de jogo já costuma ser incomum em PCs, imagina nos videogames?

Esse nome, “rogue like”, é dado porque o primeiro jogo a ter essas características foi um game chamado Rogue, para PC, em 1980.
Don’t Starve é um jogo com características “rogue like” de primeira categoria. Todo o cenário é gerado aleatoriamente, quando você entra na partida. Os inimigos e os (muitos) itens são dispostos diferentemente a cada jogada. Como no caso do Toe Jam & Earl, se você passar 20 anos jogando, toda vez será uma experiência diferente. E isso é absolutamente fantástico, dá muita longevidade ao jogo.

Don’t Starve conta com vários personagens, destraváveis de acordo com seu tempo de jogo ou condições específicas, mas apenas Wilson tem uma história a ser contada:
Wilson estava em seu laboratório, fazendo experiências com seus beckers e tubos de ensaio, quando uma mistura errada gera uma explosão. Frustrado, Wilson se senta em sua cadeira e ouve seu rádio falar com ele. O rádio diz “Opa amigo, vejo que você está tendo problemas! Eu tenho conhecimento secreto que compartilharia com você. Se você acha que está pronto pra isso…”. Wilson, rapidamente concorda e, como mágica, o conhecimento começa a entrar em sua cabeça. Usando conhecimento ele desenvolve uma máquina grande e misteriosa e, ao colocá-la pra funcionar, ele é puxado para outro mundo pelo vilão, Maxwell. E é nesse mundo bizarro que ele tem que sobreviver.
Essa pequena apresentação pode ser conferida aqui:
Estando nesse outro mundo, Wilson percebe que está sozinho e, basicamente, sem ferramenta alguma para sobreviver. Cabe a ele fazer de tudo para se livrar dessa. Esse enredo simples e inocente que marca início da história de Don’t Starve. “Don’t Starve” é, literalmente, “não morra de fome”. Mas a fome não será seu único problema no jogo. Aliás, arrisco dizer que a fome é o menor de seus problemas…
Como já mencionei anteriormente, o jogo lembra levemente Toe Jam & Earl, então a função de Wilson (ou dos outros personagens selecionáveis) é andar pelo cenário e encontrar objetos que te ajudem a sobreviver. Você tem 3 medidores no jogo, o de energia, o de fome e o de sanidade e todos os 3 podem te matar. Se você ficar sem energia, como em todo bom jogo, você morre. Se sua fome chegar ao limite, sua energia vai caindo rapidamente até que você morre e, por fim, se você ficar com a sanidade baixa (nem precisa ser zerada, basta ser por volta dos 40%), inimigos invisíveis te atacarão e te matarão. Outras coisas podem te matar, como por exemplo ficar muito tempo exposto à chuva ou o frio de uma nevasca. É meu amigo, a vida não é fácil pro pobre Wilson não.

Como o cenário é imenso, você terá que andar bastante para arrumar o que precisa para (tentar) sobreviver mais. Diversas criaturas agressivas habitam o planeta esquisito onde você está, entre elas fantasmas, tentáculos que saem da terra, mosquitos, cachorros caçadores, morsas bípedes, aranhas assassinas, pássaros gigantes… Se você passar perto de um desses, ele provavelmente te atacará. Em 90% dos casos é um erro tentar matá-los, já que em raríssimos casos você tem uma arma boa para dar conta deles. O ideal mesmo é fugir. Eu cansei de pensar “ah, esse cachorro que tá me perseguindo é fraco, eu posso com ele na porrada” e acabei morrendo. Então a sugestão é exatamente essa: se vier atrás de você pra te atacar, fuja. Não há mal algum em fugir, especialmente não nesse jogo.

Mas não é só de criaturas agressivas que vive o local. Existem vários animais que são pacíficos e que só estão lá cuidando da própria vida. É conveniente também que eles não sejam atacados, alguns deles são extremamente mortais caso provocados. Lembre-se: seu personagem é frágil e tem outras coisas a fazer que envolvem não matar animais inocentes. O jogo conta karma também, então mate muitos animais inocentes e sinta a ira do planeta.
Por falar em ira do planeta, a mesma coisa vale pras plantas. Você tem a habilidade de construir um machado pra derrubar árvores, afim de conseguir lenha para fazer diversas coisas. Destrua muitas árvores em um mesmo local e o jogo mandará algo para te matar. Podem ser árvores tóxicas ou uma árvore gigante que te persegue até, finalmente, conseguir te matar. A sugestão, novamente, é: não mexa no ecossistema. Precisa de lenha? Vá derrubando árvores uma longe da outra. Estranhamente isso não se aplica ao fogo, se você colocar fogo em muitas árvores nada de mal te acontece.

Outra variável que você tem que enfrentar, além do clima de chuva ou neve aleatórios, são os dias e as noites. Durante o dia está tudo ótimo, você enxerga perfeitamente tudo à sua frente mas, quando a noite cai de verdade, é bom estar preparado. O fogo é seu amigo nessas situações, então acenda uma fogueira, uma tocha ou bote fogo em algo perto pra poder enxergar. Se você ficar na escuridão completa, criaturas da noite te atacarão e, pra variar, você morrerá.

Ah, além do terreno em cima da terra, ainda existem cavernas, que também são geradas de maneira aleatória e tem criaturas e plantas completamente diferentes das que temos na superfície. Com bastante trabalho, dentro de uma caverna, você achará as ruínas. Mas não será fácil, já que sobreviver nas cavernas é uma tarefa hercúlea, a visibilidade é quase zero e as criaturas resistentes e agressivas.
O jogo é muito mais complexo do que tudo isso que eu citei acima, somente jogando pra entender exatamente como ele funciona. E, mesmo assim, após muitas horas de jogo, eu ainda não entendo completamente como fazer muitas coisas ou matar alguns inimigos. Don’t Starve é bastante difícil, como o jogo não tem tutorial (e eu adoro isso nele), você tem que aprender as coisas na tentativa e erro. Essa característica aumenta ainda mais a longevidade e te intriga ao ponto de não querer largar o game. Posso dizer que eu fiquei completamente viciado nele, e o meu vício ainda não terminou.
Uma outra coisa que merece menção são as ferramentas. Você começa com itens primitivos, como pedras e grama seca, mas conforme vai avançando é possível fazer pólvora ou construir uma churrasqueira. Os objetos encontrados no cenário normalmente servem pra alguma coisa, por mais absurda que essa coisa possa parecer. Bote fogo numa árvore para conseguir carvão, combine carvão, madeira e teia de aranha para fazer um bumerangue. A quantidade de objetos que você pode fabricar é muito grande, muito grande mesmo!

Como ele é simples graficamente, muitas pessoas podem olhar e dizer “nah, eu não vou perder meu tempo jogando essa porcaria”. Pra essas pessoas eu digo a boa e velha frase “nunca julgue um livro pela capa”. Don’t Starve irá te divertir e te deixar nervoso por muitas horas, pode acreditar nisso.
O som do jogo é um verdadeiro show: vozes podem ser ouvidas de acordo com sua sanidade, barulhos diversos estão acontecendo o tempo todo, o ecossistema nunca fica completamente mudo. As músicas, quando acontecem, são bonitinhas. Mas o ponto alto mesmo são os efeitos sonoros. Jogue com fone-de-ouvido, se puder.
Se você pegou a versão de PS4 na PSN Plus, você tem direito à versão do PSVita. Recomendo fortemente essa versão, já que um portátil é o console perfeito pra esse tipo de jogo, mas prepare-se pois o jogo é um bebedor de bateria. A bateria do console dura pouco enquanto você se diverte com o jogo. Provavelmente é o jogo que usa mais processamento (no sentido de processar mesmo, de gerar tudo proceduralmente e tudo mais) que eu joguei no console. A geração de cenários demora de 35 segundos a 1 minuto, pra vocês terem uma ideia. Os loadings, quando acontecem, também não são dos menores.
Ainda assim, é um jogo fantástico, não perca a oportunidade de jogá-lo. Ele saiu também para PC, em 2013.
Nota: 10/10
[“Don’t Starve é um jogo completo. Dificuldade acima da média, cenários aleatórios e diversão mais do que garantida por meses a fio. Eu, que não tinha testado a versão de PS4, fiquei completamente satisfeito com a versão de PSVita. Se você tem o jogo pro PS4, vá agora baixar a versão de Vita. Se não tem, pode comprar sem dó. Vale cada centavo gasto, com certeza.”]
TOI JAMU & ARU ?
Eu jogo Don’t Starve desde a primeira semana de lançamento do jogo , SOU DOS BETAS o/ , E o jogo nunca para de ser divertido mesmo já fazendo tanto tempo (e anos) que jogo ele XD , vale a penas comprar , eu não comprei por que …. EU TINHA 12 anos e não tinha dinheiro e eu peguei uma beta testing de graça então eu não comprei mas eu pretendo comprar esse ano ja que lançaram a versão TOGETHER recentemente , Então acho melhor desfrutar dos conteúdos do jogo ORIGINAL , infelizmente eu não pude comprar mas sou um dos (primeiros mil fãns do jogo XD) maiores fãs do jogo , Eu pagaria 200 dólares a mais pra Klei E. por ele pra compensar o tempo que fiquei usando ele pirateado XD.
E o nosso amigo Don’t Starve roda em qualquer pc (mesmo que meio lagado),Na boa me pergunto por que o jogo só veio ficar mais famoso agora , a versão Beta dele já era DEUS cara XD
BrunoBelo DOENTE QUE DORME OUVINDO MÚSICA DE JOGO EM RÁDIOS , eu também cara XD (sou tipo tu só que 25 anos mais novo e.e)
Cara, o jogo é demais! Eu ainda hoje brinco com ele, com bastante frequência. O Shipwrecked é muito bom, sério, não consigo ficar sem esse jogo mais! :D
E desculpa não ter te respondido em tempo hábil, o treco da página devia ter me avisado de comentário, não avisou. :(