
Ontem, durante a E3, a mais famosa feira de videogames do mundo, foi anunciado que haverá um remake de um dos jogos mais importantes da história dos games: “Final Fantasy VII”, além de um projeto de crowdfunding de outro jogo importantíssimo: “Shenmue 3” (que até já quase caiu da net, de tanta gente querendo apoiar). Mas nosso foque aqui hoje é o título criado pela (na época) Square Soft.
Fantasia Final – A História
Quando falamos de “Final Fantasy VII”, é importante dizer que, provavelmente, foi o jogo mais importante a ser lançado depois de “Mario Bros”, para o Nintendinho 8-bits. Ele não tinha a melhor história (olá “Xenogears”), ou os melhores personagens (tudo bem, “Earthbound”?), ou muito menos era o melhor RPG (como vai, “Chrono Trigger”), mas mesmo assim, foi o favorito de muita gente.
Mas, mais do que isso, ela foi a primeira produção do mundo dos videogames que foi grandiosa em cada mínimo detalhe, e que mostrou (de modo irredutível), que videogames também podem chegar a um status de arte. Transições cinematográficas, história envolvente, temas diferenciados, música orquestrada de alta qualidade… Tudo isso servindo de apoio para a experiência de jogo que envolveu milhões de pessoas pelo mundo todo.
Se hoje em dia vemos que as produções de alguns games, como os das séries “Grand Theft Auto”, “Call of Duty” e “Fifa”, chegam ao nível de cinema, muito disso é influência de Final Fantasy, que foi pavimentando este caminho de grandiosidade. Ele foi o propulsor que catapultou a Square a distâncias ainda maiores que a empresa estava acostumada nos jogos anteriores e teve um impacto no mundo dos games como o Nirvana no rock.
Agora, quase duas décadas depois de seu lançamento, foi anunciado que uma nova geração irá poder conhecer este clássico eterno, mas, o que podemos esperar vindo disso?
A Espinha dorsal da Square
Primeiro de tudo: já era algo que há muito tempo vinha sendo requisitado por muitos fãs, nem que fosse uma simples retexturização dos mapas, ou uma melhora suave nos gráficos para uma nova geração. A Square Enix chegou até o nível de sadismo de recriar o começo do jogo em CG, alguns anos atrás, para mostrar o seu potencial gráfico para a nova geração da época (PS3)… Mas nada de um jogo novo anunciado, mesmo depois de alguns anos.
Depois podemos pensar um pouco a respeito dos atuais games da Square: Final Fantasy XIII e suas sequências não foram tão mal de vendas, mas já em relação às críticas, foram literalmente fuzilados pelos fãs que odiaram as “inovações”. Em seguida, o MMORPG “Final Fantasy XIV”, que por muitos bugs e deficiências, teve que ser literalmente refeito e ainda está longe da perfeição. Por último, o antigo “Final Fantasy Versus”, que virou “FF XV”, parece estar indo bem, mas seu estilo lembra muito mais outro sucesso da Square, o “Kingdom Hearts”, do que um dos antigos FFs. Não é de se espantar que a empresa queira voltar nos tempos de glória para conseguir balançar o mercado com um remake de sua mais bem quista criação!
E em terceiro lugar, podemos pensar que eles simplesmente estão sendo inteligentes e gostam de ganhar dinheiro, pois depois de tudo o que eu já disse acima, não é de se assustar que a ideia é extremamente lucrativa. Muitas pessoas (eu inclusive), irão adquirir um videogame da nova geração exclusivamente para conseguir jogar este único título, então as vendas parecem assegurar quaisquer custos de produção na lata!
Sinceramente, até hoje eu não sei porque não exploraram mais o universo de Final Fantasy VII. Os jogos “Dirge of Cerberus” e “Crisis Core” foram bem interessantes, o OVA “The Last Order”, foi fenomenal e até mesmo o filme “Advent Children”, apesar de não ter nenhuma história propriamente dita, era um show de efeitos visuais e batalhas. Porque não um mangá ou anime para expandir ainda mais a marca? Bom, talvez teremos isso futuramente, pós-remake.
O dilema dos RPGs por turno
Mas claro, como toda boa notícia, sempre tem lá seus “poréns”. O primeiro deles será a acessibilidade do jogo, pois como já disse, é provável que saíra apenas para os consoles da nova geração ou PCs muito potentes e nem todos poderão ter acesso logo de cara a ele. Então, se você está guardado dinheiro para uma viagem, é bom guardar mais espaço no cofrinho para isso!
O outro porém é saber se teremos um remake apenas no fator visual, ou se na própria jogabilidade, e esse é o que mais assusta. Antigamente nós tínhamos mais paciência para os jogos do que hoje em dia. Diacho, claro que se você consegue gastar mais de 100 horas da sua vida com algo, você vai dar a devida importância para isso. Mas hoje em dia, os jogos ficam cada vez mais nervosos, bem como o tempo de atenção que as crianças tem. Por exemplo, já repararam que os jogos, desenhos animados e filmes ficam cada vez mais caóticos e menos contemplativos?
Logo, há um certo receio de querem adaptar até mesmo isso para este novo remake, onde perderíamos algo que mal vemos hoje em dia (JRPGs clássicos), e o sistema “ATB” (Active Time Battle), da série, ser deixada de lado em troca de se tornar um pleno “Action RPG”, onde o que vale é literalmente esmagar os botões como em “God of War”, e os elementos estratégicos se tornam secundários ou terciários, apenas delegados a questões de evolução de personagem, poderes, equipamentos e etc. Mas é óbvio que isso é uma parte importante do clássico, que você não vai conseguir passar para uma nova geração se acabar limando estes elementos.
O que eu quero dizer é: o próprio “pacing”, ou seja, o andamento do jogo, é delimitado pelo seu gameplay. Você aprender a esperar enquanto luta também te faz ser mais paciente nos diálogos e nas cutscenes. O jogo é denso e o jogador precisa sentir isso, de que não é só jogar trinta minutos por vez que está bom. É uma experiência que leva horas por dia por que você fica imerso no universo de história e batalhas, Um exemplo: quem começou jogando por Final Fantasy XIII pode até gostar dele, mas o ritmo das lutas, do sistema de evolução e desenrolar da história é totalmente quebrado, sendo literalmente enfadonho, ainda mais apoiado pela história confusa e chata.
Espero eu que eles não decidam transformar em algo do tipo, mesmo no esquema de Final Fantasy XV, pois o jogo realmente merece ser algo mais denso do que diluído!
Possíveis inovações
Claro, eu não estou aqui para parecer um velho ranzinza, reclamando a torto e a direito da “nova mania da moçada”. Acredito que é possível sim inserir algumas inovações neste jogo que não veríamos antigamente.
A primeira delas seria uma interação entre plataformas, como o Vita ou até mesmo dispositivos móveis. Seria interessante passar alguns aspectos do jogo para portáteis, até mesmo para melhorar a experiência do jogo em si. Alguns exemplos são a criação de Chocobos e suas corridas, e outros minigames, que podem ter uma ligação externa para que o jogador faça isso sem ter que ligar o videogame ou estar na frente da TV!
Outra coisa que eu espero é ver implantada na história algumas das coisas que foram inseridas “depois” que o jogo foi terminado. Por exemplo, o personagem “Zack”, foi se tornando um favorito de muitos fãs por sua história ampliada em “Crisis Core” e em outras partes, e o próprio FF7 não dá toda essa dimensão, que agora poderá dar!
Em último caso, eu também acharia interessante ter algum mecanismo para “alterar” a jogabilidade do game. Por exemplo, apesar do que eu disse acima, vão ter inúmeros jogadores novos que podem não se acostumar com o jeito mais pesado de Final Fantasy VII, mas conseguiriam jogar se ele fosse mais parecido com Kingdom Hearts. Se a Square conseguir fazer um sistema híbrido que permita os dois estilos de jogo dentro do mesmo, acho que seria como agradar gregos, troianos, romanos e quem quer mais seja, sem estragar para uns ou para outros e garantindo sua devida remuneração financeira.
Uma “Ultima” opinião…
Espero mesmo que esse jogo se torne tão importante em sua nova encarnação como foi na antiga. Muita gente ainda não conseguiu jogar Final Fantasy VII ou por não ter facilidade para encontrar ou por simplesmente não conseguir encarar seus polígonos, mas é um mundo riquíssimo que vale a pena ser experimentado.
Torço para que o jogo atenda a todas as expectativas, de novos e futuros fãs, e que faça valer as lágrimas de alegria de muitas pessoas pelo que eu já pude ver na minha timeline. Pessoalmente foi o game que me fez amar todos os jogos, bem como gostar de boas histórias e também, a resistir a todos os personagens que o George R. R. Martin mata sem dó… E já que me trouxe tantas emoções e lembranças nostálgicas, espero que ele consiga criar muitas novas assim que for (re)lançado!
E o que vocês acharam? Nos digam nos comentários abaixo se esse remake é uma Cetra ou se é uma Jenova!