

* Com texto de Artur Palma, Fernanda Domeniche e André Forte
Far Cry Primal pode até não ser o jogo AAA que você esperava, mas ele é certamente um dos mais interessantes capítulos da série pela proposta de te colocar como um explorador na Idade da Pedra. Quem conhece a série sabe que seus títulos sempre envolvem a sobrevivência em uma ilha paradisíaca com ditadores ou lideres violentos.
Por isso, quando a Ubisoft anunciou o Primal, muita gente ficou na dúvida de como se encaixaria na série. Será que ficou bom? A gente vai te explicar logo abaixo, mas se você não curte ler, basta clicar no vídeo que a Fê vai te contar!
Se sentindo um Mogli
Logo no começo o jogo te mostra que a história está bem longe dos dias de hoje, mais precisamente em 10 mil anos antes de Cristo. Você faz parte de uma tribo chamada Wenja que está lutando pela sobrevivência quando é surpreendida por um tigre dente de sabre.
Após o ataque, você é o único sobrevivente e precisa fabricar suas novas armas e caçar para sobreviver no ambiente desconhecido e inóspito.
E essa é a base para quase todo o jogo, criar suas armas, caçar e sobreviver. É algo muito legal, que poderia ficar ainda mais se a história fosse mais focada nesse aspecto de sobrevivência.
Assim que acaba o tutorial, o jogador se encontra no paradisíaco e no fictício vale de Oros, na Europa Central. Neste vale, você descobre uma tribo de canibais que estão comendo outros sobreviventes de sua tribo para tentar combater uma doença que está matando com todos eles. Tudo indica que vai ser mais um Far Cry no qual um líder maluco vai tentar fazer maluquices e tudo mais, e até rola realmente um pouco disso, mas o jogo surpreende positivamente ao adicionar uma habilidade muito legal de lutar lado a lado da natureza selvagem.
Pouco depois de começar nessa nova área o jogo apresenta o recurso de domar os animais, não sem antes você tomar umas coisas muito loucas de um shaman e ficar viajando atrás de uma coruja dourada.
Você se sente meio que na história do Mogli, amigão de todo mundo da floresta, mas sem um urso legal para cantar com você.
Mas verdade seja dita, essa habilidade é um dos principais destaques do jogo. Ela permite que você dome quase todos os animais, alguns de maneira bem simples e outros usando algumas estratégias de aproximação diferentes. Esses animais servem para conhecer novas áreas, e também para ajudar em combates, tanto como uma espécie de guarda costas contra inimigos muito fortes, quanto parceiros de ataque.
E, depois dessas boas duas horas de jogo meio que tudo dá uma estagnada e você passa um tempão tentando resgatar sobreviventes da sua tribo em uma série de missões bem repetitivas, sem falar em outros sobreviventes espalhados pelo mundo do jogo que distraem sua missão o tempo todo. E, infelizmente, é uma parte claramente feita para aumentar o tempo do jogo, mas que deixa aquela cara de preguiça dos desenvolvedores.
Recomendado, mas com ressalvas
Vamos resumir qual é o maior problema do Far Cry Primal: ele tem um visual muito bom em grande parte do jogo, desde a versão Xbox One que foi base para o vídeo review até o gráfico no Ultra que testamos no PC do Kapoow! – cujas algumas imagens estão ilustrando esse post. O som também tem um design geral muito bom, com efeitos sonoros e trilhas muito envolventes, mas a repetição do jogo faz com que se torne um pouco frustrante.
De cerca de 10 ou 12 horas de jogo, umas 4 ou 5 são muito boas, o resto é só encheção de linguiça, com missões muito parecidas de ir reconhecer uma área do mapa e libertar alguém. E nem a parte legal de juntar seus animais e confeccionar suas armas em apenas alguns segundos não compensa a repetição eterna desse miolo do jogo, até que a história volte a andar para ser concluída em apenas mais algumas horas.

Far Cry Primal é um experimento bem legal, tem ideias muito bacanas, mas fica com uma cara de DLC de luxo ao invés de um jogo independente. Se ele tivesse mais histórias paralelas que engajassem o jogador, ou envolvesse ainda mais complexidade no uso dos diversos animais, seria mais interessante. Ele está longe de ser um jogo ruim, mas acaba deixando a impressão de que poderia ser melhor.
Mesmo assim, o jogo inegavelmente é competente em colocar o jogador como um sobrevivente na Idade da Pedra graças à incrível ambientação dos cenários e gráficos belíssimos do ponto de vista artístico e com direito a algumas perfumarias técnicas muito bem executadas. Dessa forma, recomendamos para quem é fã da série, e para os fãs de FPS, pode ser uma boa no PC, que custa R$ 129,99. Para os jogadores de console que quiserem experimentar um estilo baseado em tacapes e arco e flecha ao invés de tiroteios, o preço de R$ 199,99 pode ser uma questão importante a se levar em conta por um jogo sem muitos atrativos futuros.
Nota: 7
[A ideia de explorar um ambiente inóspito na Idade da Pedra é muito legal e Far Cry Primal cumpre a tarefa de transportarmos para um mundo hostil e ao mesmo tempo melancólico com louvor e a característica de domar animais é, de longe, a coisa mais bacana do game. Seu único problema é o fardo de ter de se comportar como um título AAA alongando demais um modo história para justificar um tempo maior de jogo e, porque não, seu preço “cheio”. Por isso, o recomendamos sem pensar duas vezes para quem tem PC, cujo preço de R$ 129,99 no Steam ou Uplay é bem honesto para um jogo desse porte. Já no PC, o game ainda tem potencial para agradar os fãs da série curiosos para atacar tigres dente de sabre com arco e flecha, mas seu preço deve ser considerado pela falta de grandes opções além da trama]