
FIFA 16 chegou ao Kapoow com atraso. Mas nossa maior demora em entregar o review é o compromisso em entregar um texto realmente comprometido com a qualidade em detrimento da pressa. E foi, sem a minima correria, que curti cada novidade do jogo enquanto escrevia a critica com o que vi de melhor e pior no jogo. Aliás, correria é o que menos existe no jogo, já que os controles nivelaram ainda mais pra baixo a velocidade dos atletas. Ponto para a turma do realismo! =)
Antes de começar, porém, um resumo: FIFA 16 traz, como grande novidade em relação ao game do ano passado: uma mecânica ainda melhor, times brasileiros e seleção feminina. O que ele fica devendo: um modo oficial do campeonato brasileiro e a inclusão dele no modo carreira. Resumo feito, vamos ao que interessa, destrinchar cada novidade do jogo. Apita o árbitro, está valendo!
Times brasileiros. Precisamos deles?
Bem, vamos começar pelo pior: não sei quanto a você, mas para mim, os times brasileiros fazem falta sim. E muita. Para mim, eles são uma das melhores features da série desde FIFA 95, o segundo jogo lançado da franquia, ainda no Mega Drive. Eu não deixei de curtir o modo carreira em FIFA 15 com o meu segundo time, a Fiorentina, mas o meu Palmeiras fez falta, assim como o nosso melhor amigo-rival, o Corinthians. Nesse ano, a EA colocou o verdão de volta, mas o Corinthians – assim como o Flamengo – ficou de fora. E não dá, sério, para se empolgar se o nosso maior rival histórico não está lá. O Palmeiras não vive sem o Corinthians e vice-versa. Eles precisam um do outro para que suas histórias vitoriosas não sejam esquecidas. Ponto. Fico pensando que os Vascaínos também estejam na mesma situação, porque vamos combinar, no Rio a maior rivalidade é Vasco x Flamengo e…cadê o rubro-negro em FIFA 16? Ok, sabemos que a Konami pagou um caminhão de dinheiro, mas será que compensa exclusividade para um jogo que sequer atualizou os times EXCLUSIVOS? O Flamengo está em PES 2016 ainda sem o prometido estádio e sem sua principal contratação no ano, que é o Paolo Guerrero…será que valeu mesmo a pena para esses times? Eles pensaram no torcedor?
Enfim, a ausência desses caras acabou fazendo muita falta. E não só para os maiores rivais. Todo mundo literalmente se ferrou. Para manter a qualidade e realismo que eles prometem das ligas, a EA simplesmente optou por dar um fim ao Campeonato Brasileiro. Não dá mais para disputá-lo se não for montando um torneio personalizado e incluir os times na unha. O pior é que isso trouxe consequências ainda piores ao modo carreira. Não, você não vai deixar de usar seu time brasileiro lá, mas o meu verdão, bem…digamos que o Paulo Nobre cansou dessa bagunça organizada pela CBF e levou o time para disputar o campeonato italiano. Sim, o meu time brasileiro está disputando o campeonato italiano com o Milan, a Juve e a Fiore porque essa é a única forma de eu usá-lo no modo carreira.
O Gilliard Lopes, produtor do FIFA até disse que “Ah, mas você pode incluir todos os times brasileiros em uma liga menor, como a Chilena”, mas na boa, não é a mesma coisa. Fica estranho. O logo oficial da liga do Chile, com as cores azul e vermelha te perseguirão para o resto da vida e em todo jogo. Enfim, fez falta nesse ano e não custava a EA ao menos ter feito uma liga menor, uma espécie de Liga Sul-Minas-Rio só com os times que assinaram contrato com eles. Não ficaria mais estranho do que sugerir a troca dos times brasileiros pelos chilenos ou, pior: oferecer ao Palmeiras a oportunidade de disputar a Champions League.
O motor gráfico Ignite responsável pelo visual e física da atual geração de consoles e PCs impressiona pela capacidade em transportar com realismo o jogador para o estádio de futebol. Em FIFA 16, tudo tem vida. As arenas não são apenas belas edificações de concreto, o que chamam a atenção é o fator humano da coisa: os torcedores não param um segundo e reagem de maneiras diferentes, os cinegrafistas correm para não perder um lance, os jogadores se aquecem a beira do gramado e a equipe de suporte ajuda a repor as bolas em cobranças de tiro de meta. E o incrível é que isso já acontecia desde FIFA 14, mas ainda impressiona demais.
Tudo em FIFA 16 é pensado para transportá-lo para uma transmissão de futebol pela TV. Os replays após um lance de perigo, a comemoração dos zagueiros e dos goleiros após evitarem um gol praticamente certo, a graça dos goleiros ao fazer uma rápida embaixadinha antes de colocar a bola na cal no tiro de meta, as estatísticas que surgem em momentos pontuais, os jogadores em destaque da partida sendo focalizados mesmo que eles já estejam descansando no banco de reservas e até replays aleatórios no meio de uma partida com algum lance importante. Não dá para gostar de futebol e não se empolgar com isso.
O que poderia ser melhor e deixa FIFA 16 anos luz atrás de PES 2016 é a feição dos jogadores. É praticamente impossível olhar para algum jogador do futebol brasileiro e reconhecer sua contraparte real. Não existe um sequer. Alguns até parecem um pouco, mas bem pouco, no caso do atacante do São Paulo, o Alexandre Pato ou do Fernando Prass, goleiro do Palmeiras, mas a maioria são muito diferentes. Ok, a cor da pele, peso, altura, estilo do cabelo, tudo bate, mas os rostos…
E isso não é exclusividade do futebol brasileiro. O motor gráfico de FIFA, há de ser dito, não privilegia o realismo das feições dos jogadores no geral e mesmo grandes craques como Messi e Neymar tem suas feições parecidas, mas longe do realismo mostrado no game da Konami. O realismo da Ignite está em outro ponto, até mais importante se julgarmos que o jogo rola 100% com câmeras mais distantes. E que vamos falar agora…
Futebol bonito
Quando a bola rola, FIFA 16 é incrivelmente realista. O jogo é o mais próximo que você vai encontrar do futebol real em videogames. Além do chover no molhado, que é falar da sua física apurada de contato com a bola, as diferentes formas de chutes e diversos rumos que esses tiros tomam dependendo da situaçao, do complexo e impressionante jogo de corpo dos atletas em campo até coisas mais simples como a forma com que você sente o peso dos atletas no simples pisar no gramado, o jogo se destaca ainda mais pela dinâmica da partida.
Tirando bugs inexplicáveis de animação quando os jogadores estão sem a bola que teimam em chamar mais a atenção do que a própria partida, FIFA 16 te transmite as mesmas emoções que o futebol real passa aos torcedores toda quarta-feira ou domingo: você verá placares magros e algumas poucas goleadas, mas a quantidade de vezes que a bola balança a rede não é algo fácil de mensurar e depende de uma série de fatores.
Tomou um gol logo no começo e está jogando em casa? Prepare-se para enfrentar uma defesa extremamente ligada e um time muito defensivo do outro lado. Marcou o primeiro gol no meio do segundo tempo após insistir por quase 90 minutos? Tenha a certeza de que se não trocar algumas peças cansadas eles poderão comprometer sua defesa quando o adversário partir para o tudo ou nada. Até a forma como você monta seu time pode influenciar em jogadas simples, como um rebote do goleiro. Se seu time está em posição equilibrada, pode ser que a linha de ataque não esteja lá para aproveitar um lance em uma queimada de roupa do goleiro, mas…e se você chutar a bola na trave e o time adversário partir no contra-ataque?

FIFA 16 permite isso. Mais do que jogar uma partida, se jogar em um modo Carreira lhe transmitirá a agonia de 11 jogadores e o peso de representar mais 40 mil nas arquibancadas te insentivando, pulando a cada bola que raspa a trave ou não acreditando naquele lance cara a cara com o goleiro que o seu volante isolou, ora porque ele não tem cacoete de atacante, ora porque sua a perna dele não aguenta mais e você não tem mais como substituí-lo. Não há jogo algum no mundo que transmita com tanto realismo a agonia e o êxtase máximo de marcar um gol aos 46 minutos do segundo tempo e sentir o estádio todo explodindo de alegria. Nesse quesito, FIFA é imbatível.
Bem, e se colocamos a falar em “chover no molhado”, a chuva aqui realmente parece chuva, molha os jogadores e atrapalha demais durante o jogo, já que a bola desliza mais rápido e muitas vezes pega até um caminho que o batedor não imaginava.
No geral, a mecânica de FIFA continua bem parecida com a dos anos anteriores. Nesse ano, porém, notamos que está um pouco mais fácil de fazer jogadas em velocidade e esapar dos zagueiros truculentos, possibilitando com que o numero de gols bonitos saiam com mais facilidade. E, falando em jogar bonito, que aliás, é o mote dessa versão, é impossível não citar o futebol feminino e falaremos disso nas linhas abaixo.

Mulheres em campo ou: Uau! Por que não incluíram antes?
Os produtores do FIFA explicaram que a inclusão do futebol feminino só foi feita nesse ano porque pela primeira vez eles conseguiram oferecer uma experiência de jogo condizente com o que a mulherada faz em campo. Ao meu ver, eles conseguiram com louvor e valeu a espera. Quem acompanha o futebol feminino – ou tenta, já que nosso país infelizmente não dá o devido valor à Marta, Formiga e cia -, sabe que ao contrário da truculência extrema do futebol masculino, as mulheres geralmente oferecem um futebol mais aberto, mais dinâmico. Não que elas não saibam bater, do contrário, elas usam bem o corpo nas divididas, mas a genética do corpo feminino e o próprio peso mais leve das atletas em relação aos dos homens faz com que as jogadoras de ataque se livrem com mais facilidade da marcação. Duvida que na vida real seja assim? Dá uma pesquisada quanto foi o placar de Alemanha x Costa do Marfim na última copa…ok, eu falo aqui, foi 10×0.=)
Já as goleiras sofrem de outro mal, as bolas rebatidas na área e queimadas de roupa. E tudo isso está muito bem representado aqui. Não é uma mera skin de mulheres no gramado do FIFA. Aliás, as jogadoras estõ muito bem feitas, com seus rostos parecidos (mais uma vez, parecidos, não essencialmente realistas).
Não sei se pelo fato de jogar FIFA todo ano, para mim o futebol feminino foi a adição mais legal do ano. É a grande novidade e precisa ser experimentado por todos. É uma pena que, ao menos nesse ano, a novidade foi restrita apenas às seleções nacionais e o Brasil está nessa lista ainda pequena. Seria legal a inclusão de clubes do mundo todo também e até a FIFA Women’s Club World Cup que inclui até os times vencedores da Libertadores Feminina.

E tem mais…
O modo carreira de FIFA 6 foi levemente retocado e tem algumas novidades nos menus e na forma como os olheiros te oferecem jogadores talentosos, mas o que mais chama a atenção nessa modalidade é a dificuldade em conseguir contratar craques. Realista ao extremo, ele até te permitirá sonhar em contratar o Messi caso seu time seja o bilionário Paris Saint Germain, mas para jogadores brasileiros e sul-americanos, essa tarefa pode ser frustrante. Ok, sabemos que FIFA prea pelo realismo e essa é a realidade nua e crua, mas em comparação com a facilidade da Master League, a produtora acaba abrindo mão de oferecer diversão em um dos modos cujo jogador mais passará seu tempo em busca de troféus.
Na parte sonora, não temos o que reclamar: os sons que ecoam das arquibancadas são realistas e a narração da dupla Tiago Leifert e Caio Ribeiro merece todos os elogios. Ok, o Tiagão e o Caio passam boa parte do jogo falando “ele”no lugar de dizer o nome do jogador, mas a construção de frases no geral é muito bem feita e muito mais natural do que em PES 2016. Se eu pudesse, uniria o melhor dos mundos: a experiência profissional da dupla do PES com o esmero técnico da equipe de dublagem da EA.

[important]
FIFA 16
Versão testada: PlayStation 4
Também para: Xbox One e PC
Produtora: EA
O melhor: Futebol feminino, mecânica realista, inteligência artificial apurada
O pior: Bugs de animação sem a bola e falta do campeonato brasileiro
Pra quem indicamos: Apaixonados por futebol que prezam pelo realismo absoluto
Nota: 9
[Resumo: FIFA 16 cumpre a promessa de entregar um futebol bonito. O jogo está mais lento, é verdade, mas os dribles estão mais faceis e os comandos são responsáveis por fintas realmente úteis na maioria das vezes. Os goleiros permanecem com um nível de qualidade impressionante e todos os pormenores que já deixaram a edição passada imperdível permanecem aqui. Como novidade, o futebol feminino realmente empolga a ponto de acharmos que a EA poderia incluir mais modos além da Copa do mundo. E a Marta joga um bolão também no videogame.]
* Agradecemos à assessoria de imprensa da Warner pela cópia gentilmente cedida para o teste.
[/important]
1 thought on “FIFA 16 vale a compra pelo futebol feminino e realismo sem igual”