
Conheci Just Cause ainda no Xbox ( o primeiro, não o One ). Eu já tinha uma TV full HD e estava namorando um Xbox360 e este jogo me chamou a atenção pela versão do console da Microsoft ser muito superior à do Playstation 2. E quando eu digo “muito”, é muito, mas muito mesmo! Existem vídeos comparativos aos montes no youtube. Como esse aqui e também esse.
O jogo aceitava 16:9 e progressive scan e ficava ainda mais bonito jogado na minha TV. Foi aí que comecei a me interessar e gostar da série. Assim como outros sandboxes da época, eu me divertia mais tocando o terror pelo ( enorme ) mapa do que seguindo a história principal. Acredito que a grande sacada da Avalanche Studios em Just Cause 2 e agora também no Just Cause 3 foi justamente ter institucionalizado a “tocação de terror” como foco do gameplay.
Just Cause é isso: Um jogo onde o que importa é destruir tudo, explodir, vandalizar e causar o máximo de transtorno possível ao pobre ditador Cubano de uma ilha tropical fictícia qualquer, e retomar o controle de vilarejos, assentamentos e vilas, devolvendo aos seus donos de direito, o povo.
Impeachment na marra
O protagonista Rico Rodriguez, um agente (pouco) secreto da Agency, libertou a ilha de Caraíbas do controle do ditador Salvador Mendonza em Just Cause e resolveu os problemas da ilha de Panau, depondo seu misterioso comandante em Just Cause 2. Anos depois, Rodriguez retorna ao arquipélago de Medici, sua terra natal, que está – adivinhem – dominada pelo regime opressivo do General Di Ravello! Como Rico derruba governantes melhor que qualquer Eduardo Cunha, ele parte imediatamente para a ação.
Uma visão inicial das ilhas de Medici
Logo no início de Just Cause 3, o mapa de Medici surpreende pela riqueza de detalhes e pelo tamanho. Não é muito maior que o mapa de Just Cause 2, mas impressiona da mesma forma. Cidades, vilarejos, grandes fendas rochosas, florestas tropicais fechadas, tudo rodeado por um estonteante verde-azulado oceano.
O visual é muito bonito e transporta o jogador com competência para o ambiente da ilha. Mesmo jogando com os gráficos nos valores mínimos ( testamos a versão do PC ) a experiência visual é digna da geração atual de videogames.

Saltos, Explosões, malabarismos hollywoodianos e um hookshot
O Gameplay de Just Cause 3
Como eu já tinha mencionado no início do texto, a Avalanche Studios, acertadamente, migrou a série Just Cause de um clone tropical de Grand Theft Auto para um jogo de ação e destruição que não deve nada aos filmes mais mentirosos do gênero.
Rico continua com seu paraquedas infinito ( que existe desde o primeiro Just Cause ) e com seu HookShot, um gancho multiuso que ele deve ter comprado em algum evento de cosplay de Legend of Zelda. Além deles, ele agora usa uma wingsuit, que permite que você plane por minutos ( eu consegui por quase cinco! ) pelos céus de Medici, enquanto atira pra todo lado e explode todo mundo, claro!
O gameplay de Just Cause 3 é bem semelhante ao de Just Cause 2. Você aponta o gancho pra um lugar e Rico, como o Homem Aranha, é puxado pra lá em alta velocidade. Dá pra escalar prédios e montanhas, subir em helicópteros, derrubar tanques de combustível, estátuas do General e até puxar inimigos na sua direção para acertá-los com aquela voadora de encontro que vai rachar qualquer crânio.
Você também pode anexar uma ponta do gancho em um objeto e outra ponta em outro, unindo os dois. Dá pra usar isso das formas mais criativas possíveis, como amarrar o gancho em um inimigo e a outra ponta num carro em movimento, ou em um míssil. Você que manda!
Quase tudo no cenário pode ser destruído. Comparado a outros jogos do gênero, como Grand Theft Auto e Saint’s Row, Just Cause 3 tem a maior taxa de destruição de cenário de todos, disparado.
A parte que mais deixou a desejar foi a dos veículos. Eles são quase desnecessários depois que você se torna um expert no uso do gancho, paraquedas e wingsuit. Dá pra deixar o Batman e o Homem Aranha com inveja da capacidade que Rico tem de se locomover de um ponto ao outro da Ilha sem precisar dirigir nada. E, acredite, isso é bom, porque a física dos carros e o controle da direção são horríveis! A impressão que dá ao se dirigir carros e motos em Just Cause 3 é que aquele veículo não está na estrada e sim flutuando perto dela!
O curioso é que os controles ruins são restritos a veículos terrestres. Helicópteros e aviões funcionam muito bem. Os helicópteros tem a pilotagem muito mais simples que os de GTA V.
[slideshow_deploy id=’7524′]
Mas tem história?
É, apesar de tudo, tem sim. O enredo de Just Cause 3 e os personagens que fazem parte dele não são dos mais impressionantes. Eu sequer lembro o nome deles. Basicamente, o que você precisa saber do modo história é que o General Di Ravello possui o controle de diversas áreas: Cidades, assentamentos, vilas e bases militares e que você precisa entrar numa dessas áreas e recuperá-la para o grupo rebelde que quer tirar o ditador do poder. Para fazer isso, você precisa tocar o terror nesses locais, seguindo uma checklist, que fica disponível no mapa. Algo como: “Destrua 3 antenas de satélite, 2 tanques de combustível, 4 auto falantes, 1 outdoor e 1 estátua”. Cumpridos esses objetivos, Você abaixa a bandeira do General no centro do local e sobe a bandeira rebelde.
Depois de liberar uma área, minigames e missões secundárias são abertas naquele local. A missão principal prossegue depois que você liberta um determinado número de localidades.
Eu libertei, logo na minha primeira jogada, umas 6 localidades. A princípio, foi extremamente divertido cumprir os requisitos e ver o caos que causava naquela região, mas eu temo que, progredindo no jogo esses mesmos requisitos comecem a se tornar repetitivos. Na verdade, não vi muito mais opções de objetivos do que as que eu citei nesse texto.
A dificuldade de Just Cause 3 é mediana. Não tive problemas em nenhuma das áreas que libertei. Em alguns momentos, meu nível de procurado chegou a 5 estrelas, mas ao contrário de outros jogos com esse conceito, Just Cause 3 não te oferece grande dificuldade em escapar das autoridades. Na verdade, achei até muito fácil. Eu roubei helicópteros, detonei centenas de guardas, saí voando pelo cenário, intercalando o uso do gancho, do paraquedas e da wingsuit e escapei deles com tranquilidade.
O povo de Medici fala português, mas não tão bem
Just Cause 3 está totalmente localizado para o português brasileiro. A cópia de avaliação que recebemos da Avalanche Studios para o Steam, veio dublada em português. Isso seria uma excelente notícia, pois sandboxes dublados permitem que o jogador ouça os diálogos sem desviar a atenção da direção ou pilotagem, mas o resultado final não é bom. A impressão que tive, principalmente nas cutscenes da história principal é de que os textos foram dublados fora de ordem e que, se houve uma pós produção, foi muito mal feita. As falas saem sem pausas e sem qualquer interpretação que case com o que está acontecendo no jogo. Esse problema é menor com as falas que você percebe durante o jogo, vindas das pessoas que estão na cidade ou de guardas e inimigos, mas nas cenas principais e missões, a dublagem dói aos ouvidos. Uma pena
A Versão do PC e seus problemas de otimização
Infelizmente estão se tornando frequentes os lançamentos de jogos para PC mal otimizados, com quedas de frame inexplicáveis e baixa performance em hardwares que deveriam suportar bem o jogo. Just Cause 3 é um deles.
Seus problemas não chegam a ser tão graves quanto os que assolaram os jogadores de Batman Arkham Knight, mas mesmo assim incomodam bastante. Muitos usuários de GPUs AMD culparam a plataforma GameWorks pelos problemas, principalmente de quedas de frame constantes, texturas sumindo e lentidão generalizada, mesmo com placas de alta performance. Mas a maioria desses problemas sumiram com os primeiros patches de correção. O problema é que, mesmo para os usuários de placas Nvidia ( meu caso ), Just Cause 3 engasga bastante em algumas configurações.
Para exemplificar, o setup atual do meu PC roda GTA V com todas as opções no High, utilizando a resolução de 3840×2160 através do Nvidia DSR a 30fps constantes. Utilizando essas mesmas configurações no Just Cause 3, eu não consigo chegar a 5fps e sequer dá pra iniciar o jogo! Precisei jogar com todos os efeitos no mínimo, para obter 30fps em 1080p e, mesmo nesse caso, em algumas situações, o jogo faz muito acesso à RAM e nem mesmo meus 8gb dão conta, fazendo acesso ao disco e deixando tudo lento e engasgando.
Entendo que Just Cause 3 é um jogo da nova geração mas, visualmente ele não é tão mais impressionante que o GTA V do PC para que essa diferença de performance seja tão grande.
Eu espero que, em lançamentos futuros, a preocupação com a otimização seja maior, como no caso de Rise of the Tomb Raider, que é super otimizado e roda lindamente em setups até mais humildes que o meu.
Enfim, vale a pena?
Se você é fã da franquia Just Cause, se você gosta de ação pastelão, cheia de mentiras ou se você é fã de jogos de mundo aberto, vale muito. Just Cause 3 refresca o gênero com um jogo bonito, competente e ao mesmo tempo livre, sem tentar ser um clone de GTA qualquer.
Mesmo para quem não curte muito esse estilo de jogo, por achar que fica muito perdido com tantas opções, Just Cause 3 é uma boa pedida, pois você não fica muito preso a missões tradicionais do gênero. Andar pela ilha destruindo tudo sem muita preocupação com o enredo é parte da ideia desse jogo e também vai funcionar para você.
Nota: 6/10 – Divertido, mas podia ser melhor.
[ Just Cause é uma série que me divertiu desde a primeira aparição. No caso de Just Cause 3, essa diversão permanece intacta. Todas as explosões, situações absurdas e todo o caos provocado na ilha, com a intenção de tirar o ditador malvado do poder estão presentes. Não posso reclamar disso. Por outro lado, a dublagem deixa muito a desejar, principalmente durante as missões principais. É duro estar no meio de uma cidade recém tomada, com diversos objetos quebrados, carros em chamas e pessoas correndo de um lado pro outro e seu contato conversar com você como se estivesse num estúdio, lendo um texto.
[pullquote align=”right” textalign=”left” width=”30%”]
Ficha Técnica:
Just Cause 3
Plataformas: Playstation 4, Xbox One, PC (Steam)
Desenvolvedor: Avalanche Studios
Distribuidor: Square Enix
[/pullquote]
A mecânica de Just Cause 3 é divertida demais. Causar caos nas vilas e assentamentos é muito simples e pode ser feito das mais diversas maneiras. O gancho de Rico tem diversos usos e você praticamente se sente como o Homem-Aranha em alguns momentos. Entretanto, os controles dos carros e motos são bem ruins. Impossível não comparar com GTA V, que tem os controles de veículos mais acertados de todos os jogos desse gênero.
Os gráficos de Just Cause 3 são maravilhosos. As águas cristalinas de Médici são tão reais que você, por alguns momentos chega a se sentir refrescado! Os cenários possuem alto nível de objetos destrutíveis e a ilha toda, além de enorme, parece muito bem pensada. A parte ruim fica por conta da otimização fraca para a versão de PC. Notei que o jogo depende demais de memória RAM e, mesmo com meus 8gb, ele faz muito acesso ao disco. No mesmo PC que rodo GTA V ou Rise of the Tomb Raider com gráficos melhores que nos consoles da geração atual, Just Cause 3 engasga mesmo com tudo no mínimo e efeitos desligados. Realmente uma pena!]