
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain: será que este é o Metal Gear Solid que todos esperavam? Depende, se você realmente busca um verdadeiro representante da franquia, pode se dizer que sim.
Antes de mais nada, é preciso entender que este não é apenas um jogo. Mas sim uma obra grandiosa de entretenimento. Há muito o que ler, ouvir, assistir e entender. A história que muitos consideram confusa é bem complexa, mas isso todos que já jogaram algum Metal Gear Solid já devem saber. Então espere ter muito o que assistir antes de começar a jogar de fato.
Pode-se afirmar tranquilamente que os dois primeiros capítulos nada mais são que o tutorial do jogo. E por falar em começar a jogar, Metal Gear Solid: The Phantom Pain tem um início bastante insólito. Ao mesmo tempo, você vai se familiarizando com os comandos enquanto não sabe se vai estar vivo no próximo segundo. É o eterno tutorial obrigatório de todo jogo grande e complexo. Após isso, quando o jogo começa de fato, é que a grandiosidade da obra é potencializada.
Enfim, o mundo aberto.
Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é um jogo longo. Longo, muito longo mesmo. Tem que ter tempo, disposição e uma certa consistência, para não se perder (tanto) na história. Tanto que durante o jogo eu costumava botar as fitas de áudio para tocar enquanto explorava o mapa e marcava os soldados para ganhar algum tempo.
A culpa dessa sensação de que o jogo não vai acabar nunca é, em partes, graças à exploração, que é um caso à parte em Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. O mapa é enorme e o cenário se mostra muito natural. Trata-se de um jogo de espionagem em um mundo aberto. Sim, a espionagem e furtividade de sempre, só que agora em um mundo aberto.
Na prática, entretanto, a maior parte do tempo de exploração se resume a coletar plantas e capturar animais (ao menos no começo). Já nas bases e cidades onde ficam os soldados você coleta materiais já processados ou em estado bruto e até diamantes, que valem muito mais do que ouro e dinheiro! Além disso, tem alguns itens especiais como os pôsteres que podem ser aplicados à famosa e já tradicional “cardboard box”. Experimente aplicar os pôsteres que coletou na cardboard box e equipá-la de maneira que um soldado a veja e se surpreenda com as reações! A variedade das missões, por sinal, também é baixa. Em resumo, você resgata ou assassina/destrói algo ou alguém. Com o tempo, acaba cansando.
O que não cansa, por outro lado, são inúmeras coisas bobas que acontecem com o próprio herói e você descobre jogando. Um exemplo bobo, mas que pode desencadear diversas mudanças na jogabilidade, na forma como você complementa a missão e até pode acabar com uma cena hilária: experimente não tomar banho. E esse é só um exemplo, óbvio, nem vou falar o que acontece e muito menos citar mais exemplos, porque o grande barato de The Phantom Pain é deixá-lo surpreendê-lo.
Muita coisa pra fazer. E pra curtir
Em paralelo, existe o sistema de gerenciamento da Mother Base. Conforme vai jogando, você irá expandindo-a e também desenvolvendo novos armamentos e acessórios. É possível passear por ela, mas não há muito o que fazer por lá. Entretanto, alguns elementos da história podem ser encontrados, mas não vou contar pra não estragar a surpresa!
Outra coisa que o enriquece muito é a variedade com que as missões podem ser cumpridas. Ao conseguir mais experiência e recursos, é possível voltar e cumpri-las de maneiras ainda melhores, mais rápidas e mais criativas. O que, de certa forma, é uma maneira de mostrar o quanto o Snake é realmente o Big Boss!
Com a experiência, vem a evolução e novas formas de se refazer as mesmas missões, aumentando ainda mais o valor de replay do jogo, que já é enorme. Isto naturalmente o torna um grande potencial a clássico, fazendo-o envelhecer muito bem. E ainda tem os buddies, que podem te ajudar a cumprir as missões. Mas falar deles seria estragar parte da agradável surpresa que é descobrir o jogo aos poucos e como também você pode cumprir suas missões de maneiras ainda mais criativas e diferentes.
Super produção. By Hideo Kojima
Hideo Kojima. Um dos poucos japoneses que ainda mantém um nome de respeito em um mundo cada vez mais indiferente à indústria de games nipônica. Em meio a polêmicas, suposições e rumores que cercam sua obscura saída da Konami, Kojima parece definitivamente querer deixar o recado de como será impossível dissociar a imagem da série à sua direção artística. Sim, cada canto a se explorar em Metal Gear Solid é memorável e inesquecível. Cada acorde da trilha sonora que se inicia em momentos-chave da trama, cada easter egg minuciosamente plantado, a criatividade e personalidade forte dos seus personagens e, por que não, as bizarrices e piadinhas que só Hideo sabe como encaixar mesmo quando todos pensariam o contrário, que daria errado. Por sorte, tudo em The Phantom Pain deu certo. Sinceramente, acho que poucos duvidavam que poderia dar errado.
Por mais que a Konami teime em tentar riscar (ou apagar) o nome do cara da embalagem do game, o coração do motor gráfico pulsa forte. A Fox Engine, criada pelo time de Kojima, é responsável por um dos mais bem sucedidos efeitos visuais já vistos em duas gerações distintas de consoles. Seja você um dono de PlayStation 3 ou de PlayStation 4 ou até, como foi nosso caso, um adepto do Steam no PC, terá a certeza de que os gráficos serão nada menos do que impecáveis. E não digo isso apenas pela tecnologia empregada, na quantidade de resolução das texturas, nada disso. A obra de arte se dá nos detalhes artísticos, no cenário embasbacante dos cenários situados no Afeganistão e nos efeitos visuais colocados na hora certa, no momento certo, causando impacto nas cenas mais importantes, para garantir que elas fiquem por muito tempo em nossa memória. Ou talvez nem saia, assim como foi nosso primeiro encontro com Psycho Mantis no primeiro PlayStation.
Nota: 10
[Podemos dizer tranquilamente que Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é um forte candidato a Jogo do Ano independentemente de seus pequenos defeitinhos, que na verdade considero características. É um jogo memorável. Mesmo que não goste de jogos de mundo aberto ou não tenha tempo para se dedicar a (entender toda) esta obra prima, você certamente irá se deliciar ao procurar saber mais sobre Metal Gear Solid: The Phantom Pain. Este é mais que um jogo. É uma obra completa de entretenimento multimídia que busca ser tão impressionante quanto o primeiro Metal Gear Solid, lançado em 1997 para Playstation].