
Pro Evolution Soccer 2017_20160927002214
Mais Winning Eleven do que nunca – para delírio dos Bomba Patches
Prometendo muitas novidades para esse ano, Pro Evolution Soccer 2017 chega dentro de campo bem melhor que no ano passado, com evoluções notáveis e um capricho maior no que diz respeito à cadência, necessidade de troca de passes e no sentido de reeducar o jogador o quanto ter precisão é fundamental para conseguir desempenhar as jogadas. O jogo está mais desafiador do que sempre foi, remetendo até ao choque de mecânica exigido na transição Winning Eleven ’97 para Winning Eleven 3, nos já distantes anos 90 e rodando no primeiro PlayStation.
O jeito com que os jogadores batem na bola ganhou uma atenção especial e isso é facilmente notado durante a partida. Peito de pé, chapa, três dedos…agora existe uma variação maior, dependendo da jogada. Os movimentos ganharam uma impressão muito menos robótica, ajudando ao jogador, que é realmente fã do esporte, a identificar no jogo situações as quais ele está realmente acostumado a ver nos jogos de futebol real. Um avanço notável, a simulação física das cabeçadas é o ponto forte e em todos os movimentos a finalização está perfeita, seja para o chão, forte ou apenas uma escorada, estão todas bem reais.
O sistema de colisão é uma das melhorias mais evidentes em PES 2017. Antes com situações estranhas como, cabalhotas mortais e choques estranhíssimos em algumas situações, agora temos mais clareza nos momentos das trombadas entre os jogadores. Em alguns momentos durante um carrinho, o jogador pode ser derrubado até pelo braço do adversário durante a queda.
No geral, tudo isso trabalha em harmonia com a já elogiável inteligência artificial implementada há anos pela Konami, mas em PES 2017, o jogo está mais implacável e desafiador. Por exemplo, a CPU trabalha melhor com as táticas dependendo da situação e faz até cera quando está ganhando, o que aumenta ainda mais o realismo e o desespero, caso você esteja sendo eliminado de uma copa.
O gráfico está belíssimo, retratando jogadores dos grandes times europeus e estádios à perfeição, com destaque também para a opção de melhores momentos nos intervalos e principalmente ao final das partidas. E os replays também estão bem mais legais, com tomadas de câmeras bem mais parecidas com as que vemos em transmissões de TV.
Já o som ambiente que ecoa das arquibancadas poderia ser bem melhor. Para nós torcedores sul-americanos, que vivemos com torcidas incentivadoras durante todos os jogos, nos causa estranheza o relativo silêncio durante as partidas. Isso mesmo, pois o som da galera é tão simples e baixinho, que ao jogar um clássico Corinthians x Palmeiras e Boca x River, parece que estamos jogando um partida do campeonato indiano. Emocionante, né? Ao menos, o que salva esse quesito do fracasso total é a melhora no grito de gol dos torcedores, nesse caso, bem mais empolgados do que nos jogos passados.
Por fim, mas importante: Os menus são bonitos, mas confusos demais. A coisa piora ainda mais na Master League, que ficou muito complicada e, ao tentar simplificar mais, deixou as contratações muito complicadas. Precisei perder uma janela de transferências inteira [ara dominar os menus e entender como agilizar o processo na busca e venda de atletas.

Espaaaaaaaaaaaaaaaaaaaalma o goleiro!!!
Sempre considerei, como goleiro de fim de semana, que essa posição era um dos pontos mais negativos da franquia, e há muitos anos. Frangos horrendos, rebatidas desnecessárias, pulos para defender bolas difíceis com os braços estranhamente encolhidos…era uma tonelada de defeitos e erros bizonhos que a Konami teimava em manter ano após o ano. E mesmo com tanta reclamação dos jogadores, os desenvolvedores prometiam a cada nova versão melhores goleiros e, tudo não passava de sonho não realizado…os arqueiros deixavam o game chato e pouco realista, parecendo que sequer um profissional real fazia a captura dos movimentos. Se é que tinha mesmo…
Este ano, tenho que admitir, enfim deram um pouquinho mais de atenção para eles. Defesas mais bem desenvolvidas, alguns novos movimentos e a maior dificuldade de fazer gol, são frutos de uma melhora considerável nas animações e inteligência artificial dos jogadores dessa posição, mas ainda longe do ideal se compararmos a mesmo capricho visto nos jogadores de linha – ou, mais ainda, o que estamos acostumados a ver há anos na série FIFA. Ainda não é possível ver espalmadas para cima da meta, defesas de mão trocada ou aquele “milagre” de puro reflexo. Ah sim…as bizarras rebatidas para frente que nos irritam bastante desde sempre ainda existem, mas perto do que era, não há como negar: o ganho foi absurdo.
“Ele deu um chute forte para frente…”
Quem conhece PES sabe que essa frase completamente sem naturalidade sempre foi irritantemente repetida por Silvio Luiz ao longo dos anos em que ele esteve comandando o microfone de narrador do jogo. Ela é o símbolo de como a Konami trata a narração de PES 2017 para o Brasil: uma mera e rasa tradução para o português do que os gringos falam no jogo americano. E não basta ter grandes e icônicos mestres do jornalismo esportivo, como o querido Mauro Beting nos comentários, a lenda Silvio Luiz e, agora, seu substituto, Milton “Segue o jogo!” Leite, a narração de PES é ruim porque a Konami não dá liberdade para que os narradores se desenvolvam e melhorem o jogo. O script é aquele, como deu a entender o Silvão ao desabafar noTwitter.
Agora, vamos falar sobre Milton Leite. A substituição de Silvio Luiz por Milton Leite parecia ser uma excelente notícia, já que o narrador é um dos favoritos do público e, ao lado de Mauro Beting, fariam uma dupla incrível. Porém, a coisa não é tão perfeita assim. Lembra aquela frase do Silvão ali em cima? Pois bem, a Konami recauchutou essa tranqueira de frase e obrigou o Milton Leite a repetir irritantemente no PES 2017. Cazzo, Konami, ninguém fala “ele deu um chute forte para frente!” Um narrador, por mais moderno que seja, vai falar “Afaaaaaaaaaasta a zaga!”. Fica a dica, tá? Ano que vem dá pra mudar e já passou da hora.
Enfim, esse é só um exemplo claro de como a maioria das falas, tanto do narrador, quanto do comentarista foram reaproveitadas da versão passada, apenas “trocando” a voz do Milton. Os jargões do narrador, tão esperados, até estão lá, mas com uma entonação menos entusiasmada, tímida. As falas muitas vezes estão bem atrasadas, principalmente a do início da partida, onde Milton diz: “Só estamos esperando as equipes entrarem em campo”, sendo que o jogo já começou há certo tempo. Os comentários, assim com a versão 2016, em muitos momentos não condizem com o que está ocorrendo no jogo. E o pobre Mauro Beting nada pode fazer.
Assim como os gritos da torcida durante as partidas, não estamos acostumados a tão pouca emoção, principalmente na hora do gol, onde várias vezes ficamos apenas na espera do grito mais famosos de todos, e nada! Com uma versão feita para o Brasil, não entendo o porquê não adaptar a narração com o jeito brasileiro?

Licenciamento, ou a falta dele
Agora, falemos do calcanhar de aquiles de PES 2017, o licenciamento. O que torna um game extremamente promissor em um produto cheirando a retrocesso. Em resumo, em PES 2017 temos pouquíssimos times realmente licenciados e uma gama monstruosa de coisas genéricas, aliás, no tão alardeado campeonato brasileiro, nada realmente foi feito com capricho.
Sabe o Winning Eleven das antigas? Aquele que tinha um montão de times fictícios e um ou outro com uniforme real? Pois é, pode preparar aquele Bomba Patch, porque PES 2017 tá precisando – pra ontem – de um.
Os grandes diferenciais das versões anteriores para os sul-americanos, a Copa Libertadores, a Sul-Americana e times dos demais países da América do Sul, não aparecem desta vez. Da mesma forma o Campeonato Espanhol (2 ligas), Português, Inglês (2 ligas)…tudo, tudo com nomes e uniformes terríveis. Mas temos a Liga dos Campeões da Ásia, ao menos um alento diferencial. E vale lembrar que a Konami perdeu de vez a J-League para a EA, já que a liga japonesa que sempre foi desprezada pela Konami no ocidente e só era liberada via DLC em território japonês, que agora aparece com todos os seus times principais em FIFA 17.
Quanto às seleções nacionais, outra tristeza. São apenas 10 as equipes com licenças e uniformes reais. Continentes inteiros como Ásia (até o Japão está bizarramente representado em vermelho e com jogadores genéricos como R. Funaki (goleiro, no lugar do real, Ishikawa), algo impensado para quem joga Winning Eleven desde Winning Eleven 3 Final ver. e sempre viu nos azulões um time a menos para se mexer no Edit Mode. Equipes africanas, não contam com nenhum representante e, da América do Sul, só o Brasil tem a camisa real disponível.
Barcelona, Arsenal, Liverpool…esses são alguns dos poucos são os times que contam com uniformes e nomes de equipes reais, algo que torna a experiência de PES muito frustrante. É, de longe, o pior Pro Evolution Soccer de todos os tempos no quesito licenciamento e um retrocesso inimaginável para um dos jogos que, com a bola rolando, é o melhor dos últimos tempos.

Ahhhh… mas ao menos temos o Brasileirão! Não se empolgue tanto…
Sim, tem o Brasileirão, mas ele não está totalmente lá. Ok, os escudos e uniformes estão todos lá, tem os estádios brasileiros, mas só. Os elencos estão bem desatualizados, assim como os rostos dos jogadores estão muito, mas muito longe da realidade. Eles até lembram vagamente em uma ou outra feição, como o longo queixo do Cássio, mas sinceramente, colocado ao lado dos jogadores do Barcelona, não dá para se empolgar. O jogo parece outro.
Mesmo Corinthians e Flamengo, que contam com exclusividade, tem jogadores genéricos (nem os nomes reais) e sem rostos, a exceção dos mais famosos. E teve retrocesso até em jogadores que no ano passado eram bem parecidos, como Lucas Barrios, do Palmeiras e da seleção paraguaia. A experiência só é mesmo diferenciada pelos belíssimos estádios. Vai aí uma pergunta para as diretorias de Corinthians e Flamengo: vale a pena essa exclusividade para os gamers torcedores nessas condições?
Por fim, o responsável pela análise dos times parece viver em Nárnia, curtindo férias no Caribe ou acompanhando o campeonato indiano de botcha, porque de futebol brasileiro ele não entende ou não acompanha desde o ano passado. O líder do brasileirão e um dos melhores elencos do país, o Palmeiras do PES 2017 só é melhor que o Botafogo entre os grandes e no nível de outros times do Z4, ao passo que o Inter, que cai pelas tabelas e amarga o zona da degola, é melhor que o alviverde em todos os aspectos, sem nenhum critério ou jogador de destaque.
O Corinthians, despencando a cada rodada, com um time todo remendado e um ataque poderoso liderado por…cof, cof…Romero e Luciano, é um dos mais letais do jogo…e o Elias ainda figura entre os titulares, assim como o Gabigol, ainda no Santos, ajuda a formar um dos ataques mais poderosos do Brasileirão no game.
E nem adianta falar em “ah, mas a Konami vai atualizar….vimos bem no ano passado como a empresa tratou essas atualizações, com atrasos constantes e muito pouco conteúdo atualizado ao longo do ano. Não dá para se empolgar se nem o Flamengo, que era estrela da capa do jogo de 2016, só recebeu seu time real já quando todos esperavam pela versão 2017.
É inadmissível para um jogo que envolve paixão de torcedores. São os torcedores que investem caro no produto licenciado e são, graças aos sempre condenáveis contratos de exclusividade, impossibilitados de jogar com seu time do coração no jogo que bem entenderem. Eles esperam mais do que um catadão de jogadores genéricos e estatísticas fajutas.
São coisas como essas que nos fazem acreditar de que a Konami está mesmo é preocupada em garantir a exclusividade para tornar o PES o “queridinho” dos brasileiros, mas esquece de que a qualidade com que entrega essa liga também deve vir no pacote. Já passou da hora de entenderem que respeitar o torcedor brasileiro é oferecer times brasileiros com jogadores caprichados, não um catadão de Allejos com rostos que lembram vagamente o jogador real. Se não entregam nem uma base estatística minimamente convincente, é melhor abrir mão de exclusividade e focar mesmo só em quem importa para a maioria dos jogadores espalhados pelo mundo, o Barça e o Bayern de Munique.

Bomba Patch, você tá por aí?
Já sabendo que a maioria do público não aceitaria a excessiva falta de licenças, PES 2017 caprichou no Edit Mode. Agora a empresa tirou as chatas amarras dos títulos mais recentes e PES 2017 agora oferece o Gestão de Dados, em que é possível inserir Patches separadamente e de forma acumulativa (Isso mesmo!!!), para corrigir a ausência dos uniformes das equipes, elencos e Ligas. Obrigado, Konami, você ressuscitou o Bomba Patch e vai fomentar uma indústria de profissionais do patch se digladiando por espaço e guerreando por direitos autorais de suas “obras” no Mercado Livre. Ao menos pode-se dizer que PES 2017 está colaborando com o fim do desemprego no país em tempos de crise.
PES 2017 é como uma viagem indesejável ao tempo, nos remetendo aos anos 90 em que a série detinha quase nenhuma licença e nos obrigava levar Memory Cards nos amigos para atualizar os elencos no Edit Mode. Isso era legal quando tínhamos 16, 17 anos e muito tempo livre, agora, estávamos acostumados a muitas licenças de times e muito pouco trabalho. Não é nada legal ver esse grande retrocesso da série ano a ano.
Se você não quer pagar por um trabalho pronto ou não sabe onde baixar esses patches, o Edit Mode também foi bem aperfeiçoado e agora possibilita que o usuário edite jogadores, escudos, uniformes e até competições de forma bem minuciosa, além de 2 ligas para criar novas equipes. Só que haja paciência para corrigir a infinidade de jogadores e times errados oferecidos no pacote original.
Nota: 8 (com o Bomba Patch, sem ele, nota 7)
[Evoluindo muito bem a já bem sucedida mecânica do ano passado, PES 2017 é, com a bola rolando, o melhor da série e proporciona uma experiência muito divertida e ainda mais realista. O jogo traz boas novidades como a melhora dos goleiros, o capricho nas batidas na bola e belos gráficos. Porém o modus operandi da Konami em oferecer conteúdo ao Brasil ainda irrita. Não é questão de quanto dinheiro você tem para comprar exclusividade de times e ligas como o Brasileirão, mas da forma com que você trabalha para entregar o produto licenciado. Os times brasileiros destoam muito do restante do jogo, pois apesar de terem uniformes e escudos reais, NENHUM jogador recebeu o capricho visto em grandes clubes do exterior. E, falando neles, a perda de licenças europeias prejudicou muito o game, o deixando bem abaixo do aceitável, o qualificando como apenas divertido e provavelmente perdendo novamente (e desta vez de goleada) para o rival FIFA. Em resumo, PES 2017 não saiu do lugar. Deu um passo à frente na mecânica, mas voltou outro no licenciamento. Uma pena].
- Com colaboração de André Forte