
A tela de abertura, com Kutaro, Calibrus e a princesa. Note que o jogo parece um teatro, com palco e tudo mais.
Uma reclamação comum a quase todos os gamers é que suas esposas / namoradas não jogam com eles. Ou a dos filhos é que seus pais preferem fazer qualquer outra coisa que gastar um tempo se divertindo com games.
Não são todos os jogos que agradam a todos mesmo e encontrar um que não seja competitivo, mas sim cooperativo e que deixe todo mundo contente é uma tarefa árdua. Escolha o jogo com sabedoria, conheça o que sua companheira, pais ou filhos gostam, saiba encontrar algo que divirta a todos. E dê preferência a jogos cooperativos, jogar de maneira cooperativa é sempre divertido. “Puppeteer” é um exemplo de jogo que tem facilidade em agradar qualquer pessoa.

“Puppeteer”, que foi dado pela PSN Plus em julho, é uma das mais gratas surpresas dessa geração. Desenvolvido pela Sony Computer Entertainment Japan Studio, o jogo tem uma atmosfera teatral muito boa. Na verdade, ele é uma encenação de uma peça de teatro de fantoches com uma história muito legal.
Era uma vez…
…Um reino da lua, que era governado por uma bela deusa. Ela tinha um ursinho de pelúcia, que roubou a pedra negra da lua e a uma tesoura chamada “calibrus”. O ursinho baniu a princesa, se auto-declarou rei da lua, invadiu o castelo da deusa e triturou a pedra branca da lua. Ele distribuiu 12 pedaços da pedra branca para seus generais.
Esse ursinho também pegava as almas das crianças e as trancava em bonecos de madeira, usando-as para defender o castelo de “sinistrópolis”. Eis que, um dia, a alma de Kutaro vai parar com o rei urso. Uma bruxa resgata Kutaro e pede que ele a ajude a recapturar Calibrus. A bruxa tem interesses escusos nessa tarefa, já que ela planeja usar a Calibrus para eliminar o rei urso.

E assim começa a aventura de Kutaro, um menino que teve sua cabeça roubada e o corpo transportado para um boneco de madeira. Como Kutaro não tem cabeça, ele deve usar cabeças extras que o jogo lhe dá. Cada cabeça tem uma particularidade especial, embora nenhuma delas te dê realmente um poder a mais. Você tem 3 cabeças, perca uma e ela sairá rolando até sumir, em um tempo incrivelmente curto. Perdeu as 3 cabeças? Morreu. Você tem que pegar uns pedacinhos de lua, junte 100 pequenos pedaços e uma vida nova lhe será presenteada.

Isso é basicamente tudo o que você precisa saber para começar o jogo. A trama é muito bem narrada e conseguirá atrair a atenção de quem quer que esteja jogando.
A melhor dublagem em português da história
Aliás, falando da narração, o jogo tem uma dublagem em português brasileiro que é simplesmente genial. É, com certeza absoluta, a melhor dublagem de um jogo que eu já vi na minha vida! É incrível o trabalho que tiveram pra fazer uma dublagem tão boa, tão bem feita, que nos faz não ter saudades alguma das dublagens originais dos jogos.
O nível é similar ao da dublagem das animações da Disney, Pixar ou qualquer outro desses desenhos de criança, com atores famosos e tudo mais. Antes de começar, troque o idioma da “dashboard” de seu PS3 para português do Brasil, eu garanto, não tem como você não curtir demais a dublagem. É impossível.
O som em geral também merece muita atenção. Como ele tenta ser uma peça de teatro de fantoches, a plateia dá risada, aplaude e vibra quando Kutaro consegue se dar bem. Tudo isso num DTS muito bem implementado. Há muito tempo eu não percebia um DTS tão bem feito em um videogame. As palmas saem direitinho nas caixas onde deveriam sair, isso te dá uma sensação de realmente estar no teatro. Muito mas muito bom!

E a trilha sonora é ótima . Daquelas de te fazer assobiá-las durante o dia, sabe? Os compositores realmente mandaram bem demais nesse aspecto, as músicas combinam com o ambiente dos cenários e são bem compostas e executadas.
Artisticamente impecável
Graficamente é um jogo bonito. Simples, nada de excepcional, mas ainda assim muito bonito. O framerate não cai nunca (no demo caía, essa era uma preocupação antes do jogo sair) e os efeitos de iluminação são um show a parte. O estilo é muito bem definido, o que faz de “Pupeteer” um dos melhores exemplos visuais do PlayStation 3 no quesito artístico.

A jogabilidade é aquela velha de jogos japoneses aos quais já estamos acostumados. Você começa fraco e, no decorrer do jogo, vai ganhando habilidades até que, mais perto do final, é um ser absurdamente poderoso.
Quem jogou qualquer “Castlevania” pós-“Symphony of the Night” entende muito bem do que eu estou falando. A habilidade fundamental de Kutaro é a tesoura Calibrus, ele a usa para cortar elementos do cenário e assim atravessar obstáculos. Mesmo assim existem outras habilidades legais, como o gancho, por exemplo. E, como em todo jogo japonês desse tipo, existem locais pelos quais você não consegue passar enquanto não tem o poder correto. É chato, mas faz parte da experiência.
Os controles são precisos mas eventualmente um pouco falhos. Nesse aspecto ele lembra ligeiramente Little Big Planet, com seus controles meio “borrachudos”. Os controles de Puppeteer são melhores que os de LBP, mas pode levar algum tempinho pra você se acostumar.

Um elemento da jogabilidade que é muito bacana é o personagem secundário, que é controlado pelo segundo analógico ou, caso você esteja jogando com alguém, pelo segundo player. Esse personagem secundário, que no começo é um gatinho voador e depois vira uma princesa, é importantíssimo no jogo.
Nele está a habilidade de mexer em coisas do cenário, somente assim você conseguirá mais pedacinhos de lua ou cabeças diferentes. As fases bônus também são conseguidas fuçando no cenário. E, por último mas não menos importante, o personagem secundário ajuda muito a manter Kutaro vivo, ele pode repelir um ataque de um inimigo, quebrar elementos do cenário que iriam te atingir ou matar inimigos antes que eles cheguem ao nosso boneco de madeira.

Jogando em família
Jogar “Puppeteer” em dois, de modo cooperativo, é uma experiência muito divertida, já que um player usará Kutaro e o outro o personagem secundário. É preciso alguma habilidade pra se dar bem sozinho, mas em dois é preciso conversa e que um player esteja em sintonia com o outro. Isso você adquire jogando em dupla, e eu realmente recomendo que o jogo seja jogado assim. Eu joguei com a minha esposa e nós dois nos divertimos muito, ao ponto de logo que ela chegava em casa ela dizer “e aí? vamos jogar “Puppeteer”?”.
Por último, quando você termina um capítulo, o jogo te dá um livro com uma história animada. Você só irá acessar isso se procurar por essa opção no jogo, mas as histórias são bem escritas, narradas e desenhadas. Perca uns minutos ouvindo o roteirista, essas histórias não afetam em nada o jogo, mas são muito boas.

Por isso eu digo: não percam, não deixem passar a oportunidade de jogar um excelente jogo em dupla, seja você e sua companheira, seja você ou seu filho ou filha. É diversão 100% garantida.
Nota: 9,5/10
[“‘Puppeteer’ é um jogo fantástico. Não é muito fácil, nem muito difícil, a dublagem em português do Brasil é fantástica, o jogo é bonito e o som é muito bom. Jogar em dois é diversão absolutamente garantida, não deixe de aproveitar. Se você perdeu o jogo na PSN Plus, compre-o. Vale cada centavo, com certeza”]