
Antes que você me xingue, vou explicar, até porque seria fácil seguir o senso comum e dar uma nota 1 ou 2 só para parecer descolado para você, mas um crítico deve ser justo e, confesso, achei bem estranho testar “Rambo: The Videogame” e não encontrar a grande porcaria que todos estavam dizendo.
De fato: Ele não é bom. E eu jamais direi isso, porque está repleto de falhas técnicas que explicarei adiante. O que é injusto, nesse caso, é dizer que trata-se do ‘pior jogo do mundo’, sendo que há bem piores. Só de cabeça, lembro do pior de 2013: “The Walking Dead: Survival Instinct” , da Activision, que eu sequer aguentei jogar por mais de 15 minutos ou “Mercenaries”, da Ubisoft. Não dá para falar que “Rambo” é pior que esses. Deficiências técnicas à parte, “Rambo” tem uma mecânica e uma historinha bem amarrada – apesar das limitações de seu próprio gênero- que me incetivou a terminá-lo.
E vou mais longe: “Rambo” sequer é o pior Rail Shooter já lançado, ele até conta com algumas novidades interessantes ao gênero. E sua mecânica não é ruim não, ela é competente naquilo que seu gênero permite. Só que usar a história de um personagem fortão, que luta seminu e destrói um helicóptero com arco e flecha como pretexto para um jogo de tiro old-school foi como servir de alimento aos trolls desavisados.

Qual é o problema do jogo, então?
Para começar: ele é um Rail Shooter e isso já o credencia para sofrer bullyng, mas será que é justo? Esse é um gênero de tiro que fez muito sucesso nos anos 90, com games como “Lethal Enforcers”, “Mad Dog McCree”, “Terminator 2”, “Virtua Cop” e “Time Crisis” e oferece cenários não interativos que, apesar de alguns serem destrutíveis, não permite que o jogador o explore, limitando o controle apenas à mira para matar os inimigos. Essa é a graça do gênero: é arcade ao extremo e nada a mais que isso.
O problema em “Rambo”, e esse é um problema sério, é que todos esses usavam pistolas físicas – até nos consoles -, o que justificava a mecânica. “Rambo” também deveria ser assim, mas das três plataformas as quais o jogo saiu, apenas o PlayStation 3 suporta a pistola do PS Move e é com ele que o game deve ser jogado.
Ok, se você for muito fã de Rambo pode arriscar o combo teclado+mouse do PC, que também funciona muito bem. Agora, no controle tradicional, com analógicos, simplesmente não dá, isso é básico de Rail Shooter – e não apenas de “Rambo” e, infelizmente, quem saiu mais perdendo foi o Xbox 360, que não tem acessório compatível; o jogo não deveria ter saído para esse console.

O visual (bem) ultrapassado
O visual de “Rambo: The Videogame” é como um filme B. A produção é tão antiquada, tão pobre que chega a ser cômica. A – talvez única – parte boa é que os cenários seguem à risca o que foi visto nos filmes, então há diversidade de ambientes, como florestas, becos na cidade à noite sob a chuva, cachoeiras e desertos em calor escaldante.
Há também alguns efeitos interessantes de luz e sombra, mas bem poucos, já que o game, no PC, usa a já bem velhinha Directx 9.0c. É… O jogo realmente tem visual tão ultrapassado que sequer ‘cospe’ mais do que 720p, mesmo na configuração mais alta do PC. As texturas no geral são bem feiosas, lembrando bastante os primeiros jogos de PlayStation 3 e Xbox 360. A grande mancada, e isso é realmente chato, é que os modelos dos personagens são muito simplórios. O próprio Rambo tem uma modelagem bem esquisita, parece um boneco de Olinda, com uma cabeça bem desproporcional.
Outro problema que também é até comum a jogos de Rail Shooter dos anos 90, mas inadmissíveis para um jogo de 2014 é a pouca variação de inimigos. Apesar de usarem o chapeuzinho tradicional do país, os vietcongues não são asiáticos, eles são ocidentais, com rostos de…Americanos e russos. E você notará isso quando enfrenta-los novamente, nas missões de “First Blood” e “Rambo III”, dessa vez com o mesmo rosto usando chapéus de policiais rodoviários ou capacetes de exército.
A repetição também é frustante. Na cena da floresta em “First Blood”, chega a ser cômico se esconder para matar um policial de bigode e chapéu com facadas (em uma cena dos sempre chatos ‘Quick Time Events’) e, segundos depois, na próxima árvore, vê-lo novamente, no que deveria ser um outro inimigo. Coisas como essas realmente não poderiam acontecer nos dias de hoje e contribuem tanto para que o jogo receba a nota que levou.

A parte boa da história…
Agora, se você é fã de Rambo, tem agilidade com o mouse ou tem a PlayStation Move, “Rambo” poderá entretê-lo por algumas horas. Se aproveitada da forma certa, a mecânica funciona bem. Até utiliza o sistema de cover de “Time Crisis” para te proteger dos inimigos!
Há também um medidor de recarregamento da arma que, se clicado no momento certo, garante um bônus de balas para atirar. E, o mais legal, uma barra de ira (Wrath) que, quando ativada, Rambo desperta a sua raiva e passa a enxergar os inimigos de forma mais destacada. Nesse momento, cada tiro bem sucedido vale recuperação da barra de saúde.
Por fim, o jogo tem um sistema de compra de habilidades (skills) e privilégios (perks). O primeiro oferece opções como tomar menos danos nos tiros inimigos ou aumentar o tempo de duração da barra de Wrath ou, no caso das Perks, opções como recarregar 5% da vida após cada headshot. O único porém disso é que a evolução é extremamente lenta e dificilmente você conseguirá aperfeiçoar muito o seu herói antes do fim do modo história.
Há também algumas outras coisas interessantes na mecânica, como os comandantes inimigos, que, enquanto vivos, fazem com que os danos em você sejam duplicados, e, claro, as diferentes armas, como o icônico arco e flecha com ponta explosiva e diversos modelos de metralhadora, que contam com recarregamento e poder de fogo distintos.

Os fãs piram
“Rambo”, hoje, é um herói improvável. Ninguém em sã consciência sairia, sem camisa, em pleno Vietnam, para matar centenas de homens armados com um arsenal infinitamente mais pesado que o seu.
Só que nos anos 80, Rambo era o ápice, ninguém ligava para isso. É diversão nua e crua do cinema da época e, nesse ponto, “Rambo: The Videogame” é muito bem sucedido. Aliás, a maior qualidade do jogo foi incluir todas as cenas memoráveis para o jogador vivenciar e a mecânica em Rail Shooter colabora muito para que a imersão do jogo ‘case’ com a proposta de diversão com destruição.
“Rambo: The Videogame” é sobre destruir e matar e nem poderia ser diferente. Você matará centenas de vietcongues, russos e até policiais dos Estados Unidos. Detonará a delegacia de polícia como aconteceu em “Fist Blood”, terá a companhia da jovem Co Bao e usará seu arco e flecha para matar sorrateiramente nas selvas de “Rambo II” e até se empenhará para salvar os afegães nos desertos de “Rambo III”. Pensa em uma parte icônica dos filmes? Está lá!
Tudo isso embalado pela icônica trilha sonora, com destaque para a empolgante música-tema de Jerry Goldsmith. Além disso, o som do tiroteio, as explosões com jeitão de filme oitentista e o uso das vozes originais de Sylvester Stallone e do finado Richard Crenna (que interpretou o Coronel Trautman) melhoram um pouco mais a imersão para quem busca reviver as cenas do filme. Quem é fã certamente irá adorar.
Nota: 5/10
[“Rambo: The Videogame” não é para qualquer um, ainda mais nos dias de hoje. Ele é tecnicamente ultrapassado, pertence a um gênero atualmente impopular e seu personagem principal não tem muito apelo para os mais novos. No fim das contas, ele deve ser encarado como um filme B: esqueça a parte chata e foque na diversão. O problema são os filtros que o próprio jogo impõe para ser bem aproveitado: ele requer que o jogador tenha um PlayStation 3 com a pistola do PS Move (ou, com boa vontade, um PC com mouse) e, mais importante…ser fã da série. Se você se enquadra nisso, boa diversão. Caso contrário, esqueça, ele não foi feito para você.]

Sempre fui fã do Rambo, mas não compraria esse jogo, pois na minha opinião não adianta apresentar um personagem se ele mau aparece no jogo. “Rambo The Videogame” deveria ser como Splinter Cell, Just Cause ou até um Over the Shoulders como o Ghost Recon e não um Rail shooter, um FPS piorado…
Marcos, como falei, Rambo não vai servir para você e convenhamos, jogo nota 5 não é o mais tentador para se comprar com tantas outras opções melhores. E tem outra: Tem que gostar de Rail Shooter também, não basta gostar só do filme. É um filtro bem complexo esse e, por todos os motivos que expliquei lá em cima, não recomendo para ninguém que não se encaixe nesses parâmetros.=)
Tem outros concorrentes ao posto:
– Lost: Via Domus (Xbox 360 e PS3)
– Too Human (Xbox 360)
– LAIR (PS3)
– Conan (Xbox 360)
– E.T. (Atari 2600)
– Captain Novolin (SNES)
– Superman 64 (N64)
– Zelda (CDI)
– Bible Adventures (NES)
– Double Dragon V (SNES / Genesis)
– Dark Castle (Mega Drive)
– Golden Axe: Beast Rider (PS3 / Xbox 360)
– Plumbers Don’t Wear Ties (3DO)
– Street Fighter: The Movie (Arcade)
– Bomberman: Act Zero (Xbox 360)
Olha que dá pra fazer uma matéria só com os de X360, que são todos possíveis candidatos ao “Game with Gold”. :)
Concordo plenamente com você. O modo de jogo não se encaixa no meu gosto, pra mim é o cara certo no modo errado. Bom, o direito de opinar é livre e obrigado pela atenção, poucos respondem aos posts…